Ao longe ou à guerra

Ao longe ou à guerra

De todas as coisas que desejo, uma das últimas é perder a esperança no que faço e nas pessoas com quem convivo. Luto muito para manter uma tal pulsão de vida que me move - e há quem diga que até exageradamente. Tenho plena convicção de que a construção de cada projeto a que nos dedicamos na vida e cada plano que fazemos nos dá mais apreço pela vitalidade. É isso que me move.

Há 32 anos trabalhando no mesmo lugar, conduzindo o mesmo negócio, lidando com a mesma marca e, basicamente, a mesma rotina, poderia ser difícil renovar os ânimos e ganhar fôlego para pensar em novas ideias e criar. Para mim tudo isso só é possível, justamente, em função do sentimento interno de prazer em viver e seguir adiante, não importa o obstáculo que se imponha.

Não tenho dúvidas, no entanto, de que a parte mais difícil de qualquer projeto diz respeito à convivência com outras pessoas e aos relacionamentos humanos. Isso poderia ser uma dificuldade exclusivamente minha, já que nunca fui de compartilhar uma vida social, nem manter contato com muitos amigos. Minha solitude tenderia a ser um obstáculo, mas não acho que seja algo que impossibilite o convívio. Relacionar-se com o outro, quem quer que ele seja, é trabalhoso, requer jogo de cintura e uma frequente abdicação: nem sempre podemos ter o que queremos e, às vezes, precisamos ceder em favor dos bons relacionamentos. 

Por isso, criar uma equipe minimamente coesa, com o mesmo objetivo e uma convivência serena, é o sonho de qualquer gestor. E acho que a Revide tem um histórico positivo nesse sentido: funcionários antigos que se mantêm na empresa por muitos anos, funcionários novos que se identificam com a nossa proposta e produtos de qualidade, com periodicidade comprovada – uma revista semanal, por exemplo, que, faça chuva ou faça Sol, é distribuída toda sexta-feira. Uma constância que, naturalmente, já seria motivo de comemoração. Em tempos de crise, então, a satisfação é ainda maior. 

Apesar do discurso, sei que é difícil notar, no dia a dia, o que há de positivo na rotina que mantemos. Por alguma razão, também humana, os problemas e as dificuldades se sobrepõem aos bons momentos. Aquela velha história de que só damos valor ao que temos quando perdemos. E aquela outra de que a grama do vizinho é sempre mais verde. Por mais que nos dediquemos, sempre parece que outro lugar ou outra pessoa podem ser melhores. E até podem, mas o contrário também é provável. 

O diálogo em destaque, atribuído ao escritor Ernest Hemingway, ilustra, fundamentalmente, a importância de termos bons parceiros de jornada. “Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado”, diz um provérbio africano.  Cabe a nós complementar essas teorias com a prática, sem esquecer de quem esteve ao nosso lado na trincheira em qualquer batalha ou nas mais intensas guerras.  

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