A boa e velha vontade de fazer

A boa e velha vontade de fazer

Sempre tive muita paixão pelos projetos aos quais me dedico. Seja a Revide, nessa trajetória de 30 anos, seja em qualquer outra iniciativa à qual me aventuro, como foi o caso da Prefeitura de Ribeirão Preto, quando me propus a ser secretária municipal.

Mesmo diante de tantos problemas na administração pública, em um governo de dias tão tumultuados, buscava me dedicar ao máximo. Sabia que estava ali por alguma razão — e talvez eu nunca descubra ao certo os reais motivos. De qualquer maneira, decidi  fazer e fiz. Dando certo ou não, com resultados positivos ou não.

Também sempre me portei dessa forma com relação à Revide. Nesses 30 anos de história, a revista já passou por inúmeras dificuldades, de várias naturezas diferentes. O engraçado disso tudo é que, mesmo diante de sérios problemas que, eventualmente, apareceram, nunca pensei em desistir. Levo isso para minha vida.

Este texto não é sobre mim. Meu universo é um pequeno exemplo entre tantas pessoas que se dedicam e fazem acontecer, mesmo diante de obstáculos. Muitas vezes, é bem difícil atingir os objetivos que traçamos na vida. Este texto é uma reflexão sobre o desânimo que paira sobre nossas cabeças diariamente. Seja a crise financeira, o excesso de trabalho, os problemas de saúde e os desentendimentos em casa. Adversidades não faltam. O que nos resta é decidir como lidaremos com os problemas que surgem, sabendo que, diariamente, temos de arregaçar as mangas e encarar a realidade.

Fico incomodada com o excesso de pessimismo, a má vontade, o trabalho mal feito e o “braço curto”. Parto do pressuposto de que se nos propomos a fazer algo, precisamos fazê-lo da melhor maneira possível. Há cansaço, há tristeza, há desafios, mas eles precisam ser superados a cada novo passo na caminhada que traçamos.

Uma vez li que as pessoas reclamam porque ainda não desistiram da esperança de se relacionar sem complicações. No mesmo texto, havia uma boa metáfora: imagine que você faça uma trilha para chegar o quanto antes a um lugar que será benéfico. No meio dela, pode levar algumas picadas de mosquitos e ficar no chão se debatendo, gritando e chorando. Isso é sofrimento. O problema não é a picada, nem o que acontece, mas nossa incapacidade de seguir depois de um problema.

Talvez seja essa a grande lição: não existe uma vida plena, sem problemas. A vida de qualquer pessoa é cheia de altos e de baixos, bons e maus momentos. O que difere cada vida é a forma como cada um encara as dificuldades.

Fato é que o Brasil não está no ambiente mais amistoso: há recessão econômica, há desestabilização política, há desemprego e há violência. Para os que tentam sobreviver à crise, pode haver excesso de trabalho, uma jornada cansativa e problemas em casa. É nesse momento que temos de agarrar as oportunidades e nos reinventar, resgatando a boa e velha vontade de fazer acontecer, tirando daí toda a energia necessária para acordar com motivação todas as manhãs. Fazer “braço curto” e ter má vontade para concluir os projetos só contribui para que o clima de desânimo cresça cada vez mais. 

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