Caixa de ferramentas

Caixa de ferramentas

Não há como negar nem fugir: estamos vivendo tempos difíceis. Talvez o principal – e primeiro – passo a se dar numa situação complicada é reconhecer, de fato, a dificuldade. Está complicado, duro, problemático. A crise atingiu a economia, a política e pegou em cheio o nosso dia a dia.

Pronto, primeiro passo dado. Os problemas estão aí e o segundo obstáculo é o reconhecimento de que, infelizmente, não somos capazes de mudar a conjuntura em que vivemos de uma hora para outra. Não podemos alterar os rumos da política a não ser que haja uma grande revolução nacional. Diariamente, o que podemos fazer é tentar amenizar as crises resgatando as ferramentas que temos, talvez guardadas e inutilizadas há um bom tempo.

Quando o dinheiro fica escasso, quando há dificuldades para encontrar solução nos negócios, o primeiro pensamento que vem à cabeça de muita gente é desistir, deixar para lá, tentar encontrar outros caminhos. Já escrevi sobre isso algumas vezes: mais do que nunca, em tempos difíceis é que precisamos acreditar em nós mesmos e naquilo que faz a diferença em nossa vida. Precisamos ter fé no trabalho que realizamos, tomar atitudes com amor e insistir naquilo que cremos.

Às vezes, dá a sensação de que a situação ruim não vem sozinha. Ela surge acompanhada de outras coisas tão más quanto a primeira. Um caminhão de problemas na iminência de nos atropelar. E quais são as ferramentas temos para combater tudo isso? É a pergunta que não quer calar.

Antes de mais nada, o que não podemos perder de vista é a fé que temos, seja em uma força maior, seja no trabalho que realizamos, nas pessoas com quem convivemos. Acreditar em algo ou alguém é importante e renova as esperanças de que a situação pode ter um caminho melhor, uma solução. Depois, é preciso dar tamanho aos acontecimentos. É fato que em tempos tormentosos, onde tudo parece estar mal, atos pequenos tomam proporções que não condizem com o real tamanho. Uma simples discussão pode se tornar o estopim de uma grande briga. Uma palavra atravessada pode virar um desentendimento maior. Quando não há dinheiro, relações podem ser rompidas.

É como aquele ditado português: em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Para enfrentar dramas como esses, precisamos dar as devidas proporções a cada problema, não carregar na tinta, nem exagerar. As situações ruins aparecem, mas é necessário solucionar um problema por vez. Se olhamos para o todo, parece uma muralha intransponível. A realidade pode ser bem diferente.

Fato é que no mau humor que assola o país e no clima de descontentamento generalizado, parece que pouco nos resta a fazer. Eu, otimista que sempre fui e sou, tenho plena convicção de que se nos privarmos de tomar pequenas atitudes que podem mudar, mesmo que levemente, o nosso cotidiano, perdemos a essência da vida, o vigor da existência. É preciso, sempre, agir e reagir. É certo: chegou a hora de abrir nossas caixas de ferramentas, por mais empoeiradas que elas estejam. 

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