
Como sempre, otimista
Foi a compra de catracas para a rede municipal que chamou a atenção do Ministério Público. E Ribeirão Preto acordou com a notícia de uma mega-operação na quinta-feira, 1 de setembro – um dia que certamente ficará marcado na história da cidade.
Por ter estado por mais de um ano à frente da Secretaria de Infraestrutura e alguns meses frente à do Governo, fui questionada informalmente sobre o caso. Afora todas as teorias conspiratórias que se criam nesse momento, voltei a repetir o que sempre disse sobre minha saída da prefeitura: quando percebi que não havia mais como ajudar, que meu trabalho não seria mais útil à administração municipal, optei por voltar todos os meus esforços para a gestão da Revide.
Na última semana, lembrei de meu trabalho na administração municipal quando recebi um e-mail de uma leitora com algumas críticas à minha postura. Dizia ela que sempre tratei a Prefeitura de Ribeirão Preto com uma visão otimista, dando a impressão de que a cidade estava em um mar de rosas e isso não era verdade. Discordei dessa consideração.
Talvez tenha passado essa impressão por sempre acreditar na transparência de ações. Era, de fato, como me sentia, esperançosa. A verdade é que tive uma experiência válida e todos os meus textos buscaram relatar isso. Mas é fato, também, que nem sempre conseguimos nos fazer entender e as interpretações podem ser as mais diversas, com cada um entendendo o que bem quer.
Concordei, no entanto, quando ela escreveu ser fácil se iludir com as palavras, quando precisamos mesmo de ação. Tenho convicção de que agi muito, como pude, na prefeitura. Busquei, junto ao COF (Comitê Orçamentário-Financeiro), propor algumas medidas com o objetivo de otimizar os gastos na cidade. Essas propostas, porém, não tiveram retorno e hoje as escutas telefônicas divulgadas mostram que os interesses eram outros – e talvez por isso houvesse tanta resistência em aceitá-las.
Lembrei, também, do toma-lá-dá-cá com a Câmara dos Vereadores e da dificuldade, em um caso específico: a Lei do Cata-galho. Quando propus esse projeto, o objetivo era determinar aos moradores que dessem destinação correta aos próprios resíduos gerados com jardins e quintais. A ideia era que cada cidadão tomasse conhecimento do que era seu e não colocasse nas áreas públicas e calçadas. Mas, naturalmente, não seria um projeto popular diante dos eleitores. Era necessário, mas não simpático. Cheguei a fazer algumas reuniões, mas não consegui fazê-los entender: na cabeça dos parlamentares já estavam as eleições deste ano.
Continuo grata à experiência e à oportunidade que tive no serviço público e acho que estou, como boa parte das pessoas, contaminada por um sentimento de tristeza e decepção. Ainda assim, não consigo deixar de ser otimista e permaneço com a esperança de que tempos melhores virão.