Conscientizar é preciso

Conscientizar é preciso

Para garantir harmonia na relação entre o homem e a natureza, é preciso considerar algumas variáveis. Uma delas, que atrai muito a minha atenção, é o tratamento dado ao lixo. Diretamente ligado a ele, estão outros dois conceitos: a coleta seletiva e a reciclagem. De fato, muito daquilo que compõe o lixo atual pode, e deve ser reaproveitado, como alimentos, metais, papel, papelão, vidro, entre outros.

Em Ribeirão Preto, os descartes ultrapassam 600 toneladas todos os dias. Quase a totalidade desse volume é encaminhada ao Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR), ou aterro sanitário, de Guatapará.  Causa estranhamento trabalhar com um número desses, sabendo que a coleta seletiva é mais do que justificável: o reaproveitamento de materiais descartados promove uma economia direta de recursos naturais, além de garantir menor poluição do solo, do ar e da água.

A atividade também apresenta ganhos econômicos e sociais. Estima-se que o lixo reciclável movimente cerca de R$ 12 bilhões no Brasil inteiro, sendo que outros R$ 8 bilhões são desperdiçados nos aterros sanitários pelo país afora. Além disso, a coleta seletiva gera empregos diretos e indiretos a uma parcela da população, geralmente, sem oportunidades.

Há que se considerar, ainda, que o reaproveitamento do lixo diminui gastos com a saúde pública e com os reparos de áreas degradadas, entre outros ganhos indiretos. Sob o ponto de vista geográfico, a atividade é uma boa alternativa para a falta de espaço para a disposição do lixo e para a preservação da paisagem, aumentando, inclusive, a sobrevida dos aterros já existentes e reduzindo a necessidade de abertura de novos espaços.

Em Ribeirão Preto, assim como na grande maioria das cidades brasileiras, os resultados da coleta seletiva são tímidos face ao potencial que possuem. Porém, aos poucos, esses números estão mudando. Implementado em 1991, o serviço registrou um aumento bastante significativo. Só no primeiro quadrimestre deste ano, o aumento foi de 110%, saltando de 177,94 toneladas em 2014 para 374,96 toneladas em igual período deste ano.

O crescimento se baseou, inicialmente, no aumento do número de equipes distribuídas nos bairros onde existe o serviço de coleta seletiva, mas principalmente na ampliação do trabalho de divulgação do serviço, oferecido em 25 bairros, em dias da semana pré-definidos. Essa atuação é fruto de ações desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, por meio da Coordenadoria de Limpeza Urbana, que terceiriza o serviço utilizando os trabalhos da Estre. Outra ação direcionada à coleta seletiva acontece nos pontos comerciais fixos e alguns condomínios, através do trabalho realizado pela Cooperativa de Agentes Ambientais Mãos Dadas, que também atua sob o comando da Secretaria de Infraestrutura.


Esses números mostram que estamos no caminho certo. A população tem sido grande colaboradora. Um trabalho de conscientização vem sendo realizado — iniciado no bairro City Ribeirão e, aos poucos, será direcionado para outras regiões da cidade — no sentido de orientar e detalhar sobre a separação e o acondicionamento dos materiais reaproveitáveis pela indústria. O objetivo da campanha é incentivar os moradores a praticarem a coleta seletiva, separando o lixo orgânico dos materiais recicláveis. Com isso, o volume de lixo reciclável deve aumentar na cidade.

Vale a pena insistir na conscientização para que, tanto moradores quanto comerciantes, continuem engajados. A participação efetiva de cada cidadão, separando seu lixo e cobrando pela adesão de sua comunidade, tem reflexos muito mais abrangentes do que se pode imaginar. A cidade ainda terá muito do que se orgulhar apostando nessa ação conjunta entre o setor público, o setor privado e a população. 

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