Coragem para continuar

Coragem para continuar

Sempre me questionam sobre as dificuldades para manter uma revista ativa e em circulação por 32 anos. Nesse tempo, alteramos a periodicidade da publicação, mas a Revide semanal, como a que você lê hoje, já existe neste formato há 13 anos.

É lugar comum afirmar que empreender no Brasil é difícil. Também é certo que uma boa parte das pessoas quer melhorar de vida, sair de um patamar para outro e avançar. No Brasil, existem milhões de empreendedores e, certamente, estamos em um dos países campeões nessa estatística.

Apesar das dificuldades recorrentes, este mês foi um dos mais tristes para quem tem no jornalismo como objetivo de vida. As últimas notícias sobre a restruturação da Editora Abril, um dos maiores grupos de mídia do país, comprovam que vivemos uma espiral de disrupturas no mercado editorial como nunca antes vista aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Hoje, as maiores empresas de comunicação — ou, pelo menos, que conseguem ter as maiores fatias do mercado publicitário — são duas companhias que não produzem uma linha de conteúdo: Google e Facebook.

Segundo os últimos dados levantado pelo Instituto Reuters de Jornalismo, em 2018, quase metade dos brasileiros, ou 48% da população, fica sabendo das notícias pelo WhatsApp. É uma rede de compartilhamento de conteúdo — muitas vezes falso — que são divulgadas por amigos ou membros da família. Nesse cenário incerto, a informação que circulou sobre os 600 trabalhadores demitidos do grupo Abril e das 10 revistas descontinuadas foi um baque para o setor. 

Quem estava acostumado a ver nas bancas as revistas Cosmopolitan, Elle, Boa forma, Mundo estranho, Arquitetura e Construção, Casa Claudia, Minha Casa, ou navegar pelos sites casa.com, educar para crescer e bebe.com,  sentirá um vazio. Tudo isso é muito triste para quem está no mercado e, principalmente, pretende continuar progredindo nele. Como buscar alternativas para seguir investindo em boa informação? Essa é a questão imposta a todos que acreditam no jornalismo e na produção de conteúdo de qualidade.

 No meu caso, além da dedicação à  Revide, estou sempre à procura de relevância na cidade, com um trabalho sério e comprometido com o leitor e com os nossos parceiros.  Acredito que temos de ser um espaço que funcione para os dois lados: para o leitor, que quer informações relevantes, e para o investidor, que precisa comercializar seu produto.

As nossas revistas são gratuitas e vivem da publicidade. A certeza de que a Revide estará nas casas dos leitores todas as sextas-feiras é o que queremos, pelo menos, para os próximos 30 anos, garantindo a credibilidade e a confiança conquistada até aqui. Penso que pesquisar sobre os motivos do fechamento das revistas da Abril poderá indicar alguns caminhos a trilhar, seja como empresários do ramo, seja como leitores que precisam de um bom veículo para serem cidadãos bem informados. 

Para animar o espírito no meio disso tudo, li a notícia de que o The New York Times teve um lucro líquido de 51% no segundo trimestre deste ano, com o ganho de 109 mil assinantes digitais — um fio de esperança em um labirinto de incertezas. Estou certa de que sempre haverá caminhos para o bom jornalismo e para o bom conteúdo e é nessa direção que vamos seguir – e insistir. 

 

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