
Cuide do seu templo
Aos 20 anos, costumamos olhar o futuro com a perspectiva de quem tem o mundo inteiro pela frente. Nessa fase, fica difícil não se deixar levar pela sensação de poder tudo, especialmente porque o corpo e a mente trabalham em potência máxima. A passagem dos anos parece justa, lenta até, e os 50 anos ainda nem apontam no horizonte. Mas a verdade é que, em um piscar de olhos, lá se foram cinco décadas vividas e você passa a fazer parte dos cinquentões que, quando tinha 20, imaginava que eles seriam os próprios vovôs.
No entanto, basta olhar para o lado para perceber que esse conceito mudou. A maioria dos cinquentões por aí está muito bem, obrigada, no que diz respeito à saúde, ao bem-estar e aos projetos para a vida que têm pela frente. Eu mesma, que faço parte desse seleto grupo, não tenho planos de desacelerar por enquanto, muito pelo contrário.
Essa mudança de paradigmas se deve muito às evoluções da Medicina, mas principalmente ao acesso à informação. Não é preciso ser nenhum especialista para saber que alimentar-se bem é o mínimo que se pode fazer para garantir uma vida longa e saudável. No rol de atitudes que se deve cultivar estão, também, a prática de exercícios físicos, o consumo moderado de bebidas, a rotina de sono respeitada, e assim por diante. No meu entendimento, para cumprir os requisitos necessários, duas palavras são essenciais: disciplina e bom senso.
A geração atual, que já nasceu na era da tecnologia e da informação, pode sair na frente e iniciar, desde bem cedo, o cultivo aos hábitos saudáveis. É importante entender que o corpo é como um templo que precisa ser bem cuidado, pois dele depende a qualidade de vida que se terá no futuro. Em uma rasa comparação, é como dar a manutenção básica ao carro ou à casa — sem isso, logo esses bens perdem valor e funcionalidade.
O assunto pode parecer uma bobagem, mas leva a uma reflexão mais ampla sobre o que desejamos para o futuro do bairro, da cidade e do país em que vivemos. Isso porque são os indivíduos que formam a sociedade, e esta refletirá a qualidade de vida cultivada em cada pessoa: se ela está acostumada a hábitos saudáveis, certamente terá mais disposição para as atividades profissionais, sofrerá menos com problemas de saúde e terá mais condições de aproveitar a vida na tal “melhor idade”, estabelecendo um ciclo positivo. Só por isso, no meu entendimento, a qualidade de vida deveria ser assunto prioritário em diversos lugares, a começar pelas escolas infantis.
Nas esferas públicas, mesmo quando há essa consciência de que hábitos saudáveis levam a uma população com mais qualidade de vida, falta trabalhar de maneira integrada para criar condições para isso. Infraestrutura, cultura, esportes e saúde são apenas algumas das áreas que deveriam atuar de forma conjunta, mas que pouco se relacionam. Essa é a realidade dominante no Brasil inteiro.
Pelo que se vê nas redes sociais, por exemplo, percebe-se um grande interesse das pessoas por temas relativos à saúde. Eu mesma tive a comprovação disso recentemente, quando diversos dos meus contatos fizeram questão curtir ou comentar uma foto simples, em que eu revelava um dos meus programas favoritos do domingo: andar de bicicleta na ciclofaixa e tomar água de coco. Sendo assim, imagino que um trabalho no sentido de difundir a informação e estimular a adoção de hábitos saudáveis tem tudo para se tornar uma política bem-sucedida.