Das coisas em que acredito

Das coisas em que acredito

Quem acompanha esta coluna certamente já notou a constância dos temas que faço questão de expor. Reconheço que a vida é marcada pela diversidade, mas aquilo que de fato é importante para nós costuma permanecer imutável. É exatamente para esses lugares capazes de se manter intactos, apesar do tempo, que volto quando preciso encontrar o que há de mais verdadeiro dentro de mim.

Dizem, ainda, que a repetição leva à perfeição e, por isso, convido os leitores deste espaço a revisitarem a teoria de um dos filósofos com os quais mais me identifico pela sua boa vontade: Immanuel Kant. A ele já me referi em duas oportunidades anteriores, em junho de 2014 e em janeiro deste ano. E, novamente, é a suas teorias que recorro quando preciso responder, especialmente para mim mesma, como foi que cheguei até aqui.

Um dos raciocínios do pensador que mais combinam com a minha personalidade é a teoria da boa vontade. De acordo com ela, de nada vale ter talentos se não for para colocá-los a serviço do outro, do todo, do coletivo, no que eu acredito de fato. É mais ou menos como um artista não compartilhar com o público suas obras — se não for para a contemplação, este trabalho perde boa parte de seu propósito.

Por essa verdade busquei pautar meus caminhos até aqui e, para que isso fosse possível, assumi o compromisso, comigo mesma em primeiro lugar, de utilizar minhas aptidões à disposição do outro. Demorei a desvendá-las e a internalizar quais seriam essas capacidades. Creio que esse é um processo que nunca se encerrará. Mas algumas delas, já bem digeridas, não costumo economizar, seja na minha vida pessoal ou profissional e política.

Penso, também, que esta é a única maneira de se forjar cidadãos do bem, atuantes que, lado a lado, conseguirão transformar o mundo ao seu redor. No entanto, aprendi que é preciso ter muita coragem para agir dessa forma, pois são raros os olhares externos que confiam que essa tal boa vontade seja genuína, honesta e gratuita. Justamente por isso, e por ter agido, em todas as oportunidades, conforme outras convicções éticas e morais, sinto-me livre para ir e vir de onde e quando quiser.

Além disso, posso dizer que quando volto minha atenção para trás, não há pesares. Minha conduta foi sempre a mesma, em todas as áreas da minha vida. Conflitos existiram, e são eles que ajudam a nos impulsionar adiante, mas muito mais do que isso houve bons momentos para recordar, conquistas para comemorar e lições para compartilhar — essas, aliás, carrego em um lugar especial e de fácil acesso.

Para finalizar, volto a Kant para rememorar mais uma recomendação do filósofo na hora de pautar suas atitudes: “faça de tal maneira que sua ação possa ser universalizada”. Para que isso seja possível, é preciso desenvolver a habilidade de deixar de lado aquilo que é particular para, então, valorizar o bem comum. Essa é uma luta que se deve travar diariamente, sem esperar mais do que pequenas vitórias. Cada ínfimo progresso na direção daquilo que se acredita é válido, trazendo uma satisfação inegável.

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