De volta ao pavimento

De volta ao pavimento

Com todo direito, a imprensa ribeirãopretana insiste em revisitar sistematicamente a questão do pavimento urbano. De fato, este é um assunto primordial, já que, diante do direito de ir e vir de cada cidadão, é obrigação da administração municipal garantir meios para isso. Sob esse ponto de vista, do cidadão ávido por soluções relativas ao estado das ruas e avenidas da cidade, assumi o compromisso de intensificar o trabalho de tapa-buracos em Ribeirão Preto, perseguindo o fim do problema.

Devo dizer que, de lá para cá, muito trabalho foi realizado: no dia 11 de janeiro de 2014, um levantamento mostrou que a cidade possuía 4.471 solicitações de tapa-buraco. No entanto, em um ano, apesar da Secretaria de Infraestrutura ter atingido um saldo de 9.427 buracos tapados, restam 2.581 solicitações para atender. Esses números permitem concluir que, sem dúvida, as operações tapa-buracos, embora extremamente necessárias, são insuficientes e trazem pouco retorno à população. Isto porque o pavimento sofre um desgaste contínuo e silencioso que, diferente de outras obras da engenharia, como casas e edifícios em geral, não demonstram claramente uma possível má execução ou a necessidade de reformas emergenciais. No caso do asfalto, o alerta deve ser constante e a manutenção, mais ainda.

Um ano no comando da Secretaria de Infraestrutura, portanto, foi tempo mais do que suficiente para adicionar à minha ânsia por soluções como cidadã uma série de conhecimentos e convicções que me fizeram rever conceitos e redirecionar esforços. Entre as conclusões a que cheguei, uma é de que nada adiantaria manter um serviço tapa-buracos sem ter, entre as ações planejadas, projetos de médio e longo prazos. Assim surgiu a proposta para realizar um diagnóstico mais preciso do pavimento urbano do município. Graças à orientação de professores capacitados e ao envolvimento dos alunos dos principais cursos de engenharia da cidade, esse retrato do asfalto ribeirãopretano deve começar a tomar forma em meados de fevereiro. A expectativa é que o trabalho seja concluído em cerca de seis meses, dependendo da adesão dos estudantes, mas certamente acabará ainda este ano.

Para se ter uma ideia da complexidade do projeto a ser desenvolvido por aqui, Ribeirão Preto possui em torno de 20 mil quarteirões com 700 m², em média, totalizando 13,7 milhões de m² de área pavimentada na cidade. Apesar de ser um desafio e tanto, este trabalho não é inédito, tendo sido um sucesso em outros municípios. Através da implementação do Sistema de Gerenciamento do Pavimento Urbano, que reunirá diversas informações técnicas fundamentais, será possível, em um futuro próximo, planejar cada ação de recapeamento de acordo com as necessidades e os recursos disponíveis.

Além de muito trabalho e de bons especialistas e técnicos envolvidos, é preciso garantir recursos que viabilizem tudo isso. Por isso, a Infraestrutura também já estuda a criação de um fundo cuja finalidade seja, exatamente, prestar manutenção ao pavimento com a regularidade necessária.

Antes de mais nada, no entanto, é preciso que todos os órgãos competentes olhem o problema da pavimentação de maneira global e alinhada: além da Infraestrutura, as secretarias de Planejamento e Obras, assim como o Daerp, são alguns deles. Sem isso, não haverá diagnóstico capaz de apontar uma resolução definitiva dessa questão — nem mesmo a implantação de um sistema já testado em outros municípios e desenvolvido por grandes estudiosos do assunto do Brasil.

 

 

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