Do outro lado da mesa

Do outro lado da mesa

O último mês do ano traz com ele uma série de reflexões e de sentimentos característicos. Independentemente das crenças pessoais ou de religião, é impossível manter-se totalmente alheio ao espírito natalino e seus valores mais intrínsecos, assim como não dá para deixar de fazer um balanço daquilo que aconteceu no ano prestes a se encerrar. Para mim, o ano de 2014 foi um ciclo de mudanças substanciais e, talvez por isso, esse encerramento esteja sendo tão dispendioso do ponto de vista da reflexão. Há uma necessidade pessoal, que decidi dividir neste espaço, de avaliar os novos aprendizados, os desafios superados e as barreiras que ainda não foram inteiramente transpostas.

No âmbito dos aprendizados, acredito que aqueles que adquiri, através do contato direto com a gestão pública, estejam entre os maiores da vida inteira. Acostumada ao outro lado desta mesa, tanto como jornalista quanto como empresária, nunca passei perto, em minhas suposições, da realidade enfrentada do lado de dentro da administração pública. Entendo que a rigidez de processos estabelecida dentro da máquina pública, da esfera federal à municipal, seja fundamental para que haja controle em cada ação pertinente ao que é público. Tantos trâmites, no entanto, deram ao Brasil a fama de ser um país extremamente burocrático, o que não dá para negar. Respeitar os degraus rumo a ações que, no setor privado, podem ser consideradas até rotineiras, é um verdadeiro exercício de paciência, confesso, o que neste primeiro ano foi uma das características pessoais que tive a oportunidade de desenvolver.

Mas ela não foi a única ou a mais importante. Minha persistência, que nunca foi pequena, aliás, também ganhou ainda mais força. Para combater qualquer resquício de desânimo diante da tal burocracia, elaborei uma estratégia própria: apostar em várias propostas ao mesmo tempo. Assim foi feito. Agora, começo a ver surgir os frutos de sementes plantadas lá atrás, há quase um ano. E com eles, uma sensação de satisfação, intensificada pela dificuldade do progresso até aqui.

Entre os desafios vencidos com sucesso estão, em primeiro lugar, a conquista de uma equipe comprometida e interessada, sem a qual não se vai a lugar algum. Conhecer as pessoas, primeiramente da Secretaria de Infraestrutura e depois da Coordenadoria de Limpeza, mostrou que, sim, há muitos servidores dispostos a fazer a banda tocar afinada, a prestar um atendimento de qualidade à população e a resolver os problemas da pasta com máxima agilidade. Ao olhar de outros ângulos, este é mais um ingrediente que fica difícil imaginar. A impressão que se tem é que as pessoas que integram a máquina pública não tem a menor preocupação em alterar a ordem vigente quando, na verdade, há muitos funcionários em busca de atalhos para dar celeridade aos processos.

Apesar de já se ter evoluído bastante nesse sentido, são tantas as demandas que parece estar tudo exatamente no mesmo lugar. Mas deste lado da mesa, tenho certeza de que é possível, e preciso, trabalhar mais, e ter o foco direcionado aos resultados. Eles podem andar acompanhando um relógio próprio, mais vagaroso, mas aparecem quando menos se espera e trazem a certeza de que vale a pena tentar. 

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