Em busca da identidade
Isabel de Farias
15 Out 2015 14:00
Para mim, independentemente da experiência trazida pelos anos passados ou de ter a segurança como um dos traços marcantes da personalidade, passamos boa parte da nossa vida em busca da própria identidade. De uma forma ou de outra, todas as escolhas do dia a dia nada mais são do que formas de estabelecer a rota certa na direção de dias mais felizes.
Aquilo que ouvimos, lemos ou assistimos também contribui para a correção desse rumo. Ainda mais quando, naquele trabalho, está implícita uma mensagem carregada da mesma busca por identidade e autoconhecimento, como é o caso, na minha opinião, no novo CD da cantora Roberta Sá, Delírio. Em um resgate de grandes sucessos musicais, cantados com grandes parceiros, a jovem cantora surpreende novamente. Segundo ela, mais uma vez, a intuição foi sua principal ferramenta de trabalho. O resultado foi um CD cheio de referências ao passado da Música Popular Brasileira, como “Covardia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago — que Roberta interpreta junto com o cantor português António Zambujo — e “Se for para mentir”, de César Mendes e Arnaldo Antunes — interpretada em parceria com Chico Buarque. Essas e outras canções revelam muito da identidade da própria artista.
Sob uma ótica diferente, mas intimamente ligada à busca do autoconhecimento, o jornalista e escritor Laurentino Gomes, que assina uma recente trilogia sobre a História do Brasil, revela um pouco mais de sua visão de mundo na obra “O Caminho do Peregrino ”. Dividido em três partes, o livro revela uma busca de natureza espiritual, que aconteceu em uma viagem a Israel. As observações do jornalista me impactaram porque vão ao encontro daquilo que também acredito: temos que buscar um sentido maior na vida. O relato de Laurentino compõe a primeira etapa do livro, organizado em três partes.
A pergunta mais importante da obra aparece logo na quarta capa: o que é ser peregrino? A resposta nos leva a crer que esse viajante, ao contrário do turista, por exemplo, está com as atenções voltadas para si mesmo, e não necessariamente para as paisagens do caminho. Sendo assim, seria possível ser um peregrino até mesmo sem sair de casa.
Outra busca pela identidade retratada lindamente está no filme Incêndios, drama canadense de 2010 dirigido por Denis Villeneuve. A história está baseada na viagem dos irmãos gêmeos, Jeanne e Simon, pelo passado da mãe, que acaba de falecer. No testamento de Nawal Marwan, os dois acabam descobrindo que há muito a desvendar sobre a própria história, como o fato do pai estar vivo e de eles terem um irmão. O filme está disponível no Netflix.
