Enquanto outubro não vem

Enquanto outubro não vem

O dia seguinte foi de acordar cedo e voltar ao trabalho. No último domingo, 13 de março, as manifestações movimentaram as grandes cidades brasileiras. Em Ribeirão Preto, segundo a organização e a Polícia Militar, cerca de 70 mil pessoas foram às ruas para protestar.

Os telejornais nacionais destacaram a movimentação de Ribeirão Preto. A quantidade de pessoas que saiu às ruas por aqui era citada ao lado de cidades como Campinas, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.  

O principal pedido, em todo o País, foi pelo impeachment da presidente Dilma, mas o cansaço coletivo e a indignação não se limitam ao cenário federal. Nos protestos há sempre faixas de políticos locais e reivindicações à cidade e há motivos para isso. 

Ribeirão Preto tem hoje uma série de problemas administrativos e financeiros e convive ainda com uma epidemia de dengue que bate recordes. Os últimos dados da Prefeitura mostram que já são mais de 15 mil casos. As ocorrências suspeitas de Zika também saltaram e já somam mais de duas mil.

Com tantas más notícias assim, fica difícil encarar a realidade todos os dias com a esperança de que o cenário melhore. A cada manhã, acordamos com novas delações premiadas, denúncias, prisões e depoimentos. No meio de tudo isso, assistir aos telejornais e ler as notícias pode ser uma experiência traumática: a crise parece não ter fim.

Depois de um grande ato como o de domingo, fica a ressaca. O período pós-protesto é aquele em que se misturam sentimentos. Quem participou avalia o resultado, comemora os milhares de adeptos. Quem não participou e é contra as reivindicações — principalmente o impeachment da presidente Dilma — critica e argumenta contra a passeata. Enquanto nenhuma grande providência é tomada, o que todos sentem é insegurança em uma realidade que nos oferece poucas opções de superação dos problemas políticos e econômicos.

Mesmo diante de uma crise sem data para terminar, procuro me manter bem-humorada e otimista com o cenário. Evito exagerar para não parecer dissociada de uma realidade que insiste em tirar o nosso sono. Está fácil? Não, não está. Está bom? Também não. Tem jeito? Isso tem.

Neste ano, temos eleições municipais e o momento para mudanças não poderia ser melhor. Precisamos superar a ressaca e utilizar toda nossa indignação de maneira inteligente na hora das escolhas. De nada adiantam as ruas e os cartazes se não aproveitamos as oportunidades efetivas de fazer a diferença.

O período eleitoral é crucial para analisarmos bem todos os candidatos — sejam vereadores ou prefeitos. É a chance que temos de fazer a mudança de fato. Precisamos de representantes na Câmara que fiscalizem com rigor o Governo Municipal. Não podemos aceitar a hipocrisia, os mesmos discursos e a realidade mascarada. Não podemos aceitar que métodos obsoletos de obtenção de votos ainda tenham vez. Precisamos eleger com consciência, mudar a cara de Ribeirão Preto e buscar um futuro próspero para nossa cidade, sem cair nas mesmas ladainhas, que há tantos anos fazem história no poder.

Enquanto outubro não vem, não podemos nos abater pelas más notícias, as incontestáveis dificuldades financeiras e as incertezas políticas. Sei que é difícil, mas é preciso encontrar um caminho. Pretendo continuar com meu bom humor amparado por um enorme desejo de mudança e aliado, também, a muitos projetos que ainda pretendo colocar em prática. Enfim, o dia seguinte vai ser de acordar cedo e voltar ao trabalho. 

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