Envelhecer é uma escolha
Estava ouvindo uma entrevista com a psicanalista e escritora Betty Milan no podcast “Meu inconsciente coletivo” que entre outros assuntos falava sobre o envelhecimento. Ela está com 77 anos e tem uma produção intelectual ativa e ao que parece está muito bem de saúde. A escritora defende a tese de que envelhecer bem é uma escolha. “Vida é movimento e uma vida com saúde pede exercício físico”, afirma Betty Milan.
Cada vez mais assistimos a essa realidade de pessoas que chegam aos 80, 90 anos com muita qualidade de vida. Outra pessoa que tem sido exemplo de uma vida longa com saúde é o empresário Abílio Diniz que em suas entrevistas e palestras diz que aos 30 anos se preparou para envelhecer. O que não falta são bons exemplos de pessoas que escolheram ter uma vida mais longeva e autônoma. Acredito muito também no tripé: exercício, alimentação e cuidado emocional para uma vida mais longa e feliz. Envelhecer em um país que cultua a juventude não é uma tarefa fácil, uma vez que temos visto um enorme apego a um corpo malhado e jovem. A única certeza que temos é de que com a idade a pele perde o viço e a memória começa a falhar, este processo é inevitável. No nosso país, infelizmente a velhice não é respeitada, nem como sinônimo de experiência, daí o esforço precisa ser redobrado para vencer as dificuldades. O Japão é um exemplo de país que carrega na sua cultura um forte apelo à valorização dos que estão envelhecendo e que trazem lições que só o tempo é capaz de proporcionar. Esse parece ser um modelo mais favorável a uma vida mais longa.
Hoje, a ciência já comprova que o homem que viverá mais de 120 anos já nasceu. O avanço que a medicina tem proporcionado nestas últimas décadas mostra que podemos escolher um caminho que pode minimizar o estrago que o tempo pode fazer no corpo, mesmo que as nossas características sejam essencialmente resultantes da carga genética herdada dos pais. O nosso estilo de vida pode determinar muito de como envelheceremos. O melhor é qualquer momento pode ser o ideal para dar início a um projeto de ter um envelhecimento saudável.
Muitos especialistas desmistificam o universo da longevidade com dicas valiosas sobre alimentação, atividades físicas, sono e a relação com as doenças crônicas. Para isso é fundamental levar a vida com suavidade e consciência das responsabilidades que a decisão de viver mais exige, sem abrir mão do prazer e da alegria. A pirâmide etária no país está se invertendo com a quantidade de idosos aumentando exponencialmente. Preservar a saúde e os bons hábitos para chegar mais longe pode ser prazeroso e também muito mais barato do que ter de cuidar de doenças por muitos anos. O alto custo dos tratamentos de saúde faz da prevenção o único modelo capaz de levar a maioria dos brasileiros a uma idade avançada. Até bem pouco tempo, as doenças foram o principal empecilho para se chegar a 100 anos de idade. Os recursos da ciência e da medicina se desenvolveram para ajudar a contornar reveses. Hoje, existem tratamentos que ajudam a driblar problemas antes incontornáveis.
No Brasil, até o início do século XX, a expectativa de vida da população não chegava aos 34 anos. Em 1960, a taxa avançou para 48 anos. De 1960 para 1980 ampliou-se para 62,5 anos. No último censo realizado pelo Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida para um brasileiro pode chegar a 79,8 anos. Lembrando sempre que os índices são referências e o mais importante é que cada pessoa tem a possibilidade de escrever sua própria história.