A escolha de Alice

Isabel de Farias

09 Jun 2016 09:51

Desde o início da Operação Lava Jato e da crise política que desencadeou uma grave recessão no Brasil, a sensação que temos, diariamente, é que as alternativas para superar as dificuldades parecem cada dia mais distantes e escondidas. Encontrar caminhos para superar os obstáculos que surgem diariamente se tornou uma tarefa ainda mais difícil.

Refletindo sobre as alternativas que precisamos buscar diante de tanta adversidade, lembrei da Alice no País das Maravilhas. Uma passagem do livro chega a ser clichê, mas é daquelas citações que ouvimos uma vez e, quando paramos para pensar, fazem um sentido absurdo. 

Durante sua viagem no País das Maravilhas, Alice encontra o gato e pergunta qual dos caminhos à frente deve seguir. O gato responde que a escolha depende de onde ela quer chegar. “Realmente, não me importa”, responde Alice. O gato, então, retruca. “Sendo assim, qualquer caminho serve”.

É certo que se não sabemos onde queremos chegar, não temos a menor condição de escolher qual rumo precisa ser tomado. Penso muito nos objetivos que quero alcançar a cada decisão que tomo. Acho que quando pensamos em nossa meta, no que queremos atingir, todo o percurso, os sacrifícios e as renúncias fazem mais sentido.

Fato é que vivemos um período de turbulência. Não há conversa que não cite a crise, os problemas do País, a política, as prisões, os cortes de gastos, a falta de dinheiro. Parece não ter fim, não ter saída.

Diante de todas essas dificuldades, não existe receita para superar a crise. Não depende apenas de trabalho. Depende de estratégia, de escolhas, de estar disposto a fazer opções durante a trajetória.

Alguns amigos com quem converso me perguntam como, frente a todos os problemas, a Revide consegue sobreviver, depois de 30 anos, lançando ainda novos produtos (as revistas RD, direcionada à arquitetura e à decoração, e RM, publicação do segmento de moda) e investindo na comunicação digital com nosso Portal de notícias.

Talvez eu não tenha a resposta exata para essa pergunta, mas tenho convicção de que ter um objetivo traçado é o primeiro grande passo. Os resultados comprovam tudo isso: a receptividade do público, dos empresários e dos profissionais do setor nos motiva a inovar e a nos renovar. Na última edição da Revide semanal, por exemplo, publicamos duas capas diferentes de nossa reportagem especial, que destacou a importância do Centro de Ribeirão Preto. Sabíamos que seria um trabalho diferenciado e nos dedicamos a ele, mas a maneira como foi recebido pelos leitores, comerciantes e moradores da região Central nos surpreendeu. Parece que ali se abriu uma janela de possibilidades para muitos deles. Não há resultado melhor do que esse, fazer a diferença.

Não tenho dúvidas de que certos de onde queremos chegar, conseguimos decidir qual caminho devemos tomar. É preciso fazer a escolha de Alice e ter coragem para seguir na direção preferida.