À flor da pele

 À flor da pele

Desde que a pandemia do novo coronavírus impôs hábitos e rotinas mais restritivos à população, criou-se a dualidade entre economia e saúde. Para uns, o isolamento seria uma medida exagerada, que causaria desemprego e fome. Para outros, sair às ruas e minimizar o distanciamento social só prolongaria os prejuízos.

Postos como antagonistas, os dois setores passaram a ser tema de debates e, em casos extremos, discussões acaloradas, como a que aconteceu em Ribeirão Preto nos últimos dias. Uma comerciante é suspeita de agredir um agente de fiscalização durante operação na cidade. A dona da loja de roupas, que estaria em funcionamento a despeito do decreto do poder público, teria insultado três agentes e agredido com um soco um outro fiscal. O caso foi registrado na delegacia.

A Revide também tem recebido, por mensagens nas redes sociais, denúncias de festas e aglomerações pela cidade, o que mostra a preocupação de muitos moradores com a severidade da Covid-19.

Enquanto tivermos opiniões divergentes, o debate é saudável e pode nos fazer mover adiante. No entanto, se perdermos a razão com atos agressivos, toda a civilidade se esvai — como o caso mostrado pelo Fantástico, no Rio de Janeiro, em que uma mulher afirma, após fiscais abordarem o marido: “cidadão, não. Engenheiro Civil, formado, melhor do que você”. A situação viralizou e culminou na demissão da mulher.

Corremos o risco de perder a humanidade e a empatia em meio a tanta desavença promovida por uma fatalidade que é essa pandemia. Disseram, há um tempo, que sairíamos melhor dela. Será? A julgar pelos acontecimentos dos últimos tempos, ficam as dúvidas. Eu, contudo, torço, incansavelmente, para que sim. Saber perder e respeitar autoridades faz parte da vivência social. E isso, precisamos, definitivamente, aceitar.

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