Força estranha

Força estranha

Espera”, “tenha paciência”, “calma”. Talvez eu ouça todas essas expressões com maior frequência do que gostaria – mas não mais do que eu preciso ouvir. Quem me conhece, mesmo que minimamente, tem a impressão de que não paro e que tenho poucos momentos de descanso, já que pareço estar o tempo todo ligada à Revide.

É verdade que meu trabalho toma 99% do meu tempo e muitos sabem disso. Talvez por essa rotina intensa, inclusive, muitas pessoas me perguntem como eu consigo, ainda, ter tanta energia para acordar todos os dias bem cedo, encarar o mesmo modelo de trabalho e tocar a mesma empresa, no mesmo lugar, mesmo que propondo projetos diferentes.

Talvez uma reflexão sobre essa dedicação extrema leve a uma pergunta importante. Como não deixar que algo tão presente na vida passe a ser sem graça e desanimador? Difícil, ainda mais depois de 32 anos. 

Ao contrário do que muitos pensam, eu descanso, sim, e tenho algumas válvulas de escape para os problemas cotidianos. Hoje, essas escapadas da rotina se resumem a um bom vinho, a uma série de TV bacana, a um livro que me interesse e aos esportes. Descobri na corrida uma grande aliada para dispersar os pensamentos e liberar boas sensações. 

Não são tantas as diversões que me agradam, mas elas são suficientes para me tirarem um pouco da atribulada realidade que está presente na maioria dos meus dias. Essa, acredito, é a justificativa número um para que eu me mantenha concentrada nos desafios profissionais. Com os pequenos momentos de descanso, consigo dar um respiro para os pensamentos e avançar em importantes questões, com a cabeça menos quente.

Também acredito que seja fundamental ter o mínimo de afeto por aquilo que se faz. É claro que a remuneração tem necessidade essencial, porque todos precisam ter recursos para sobreviver e nem sempre conseguimos unir o útil ao agradável. Neste ponto, tenho muita sorte. A Revide foi um projeto que nasceu ainda na faculdade, por um ideal de comunicação e jornalismo. Após tantas transformações ao longo do tempo, fomos encontrando nosso espaço e criando algumas possibilidades que nos fizeram crescer e que transformaram a empresa em um patrimônio longevo de Ribeirão Preto, conceituada e com credibilidade entre leitores, parceiros e amigos. Tudo isso, em um processo conduzido com muito apreço, por mim e por grande parte dos que compõem a empresa. 

Essa combinação de fatores também se une a uma tal “força estranha”, já cantada por Caetano Veloso e que, de alguma maneira, me mantém positiva diante das intempéries da vida. Um certo otimismo me move, mesmo quando há dificuldades. Eu reclamo, esbravejo e me incomodo com uma série de coisas que acontecem, o tempo todo. Aquilo que sai do previsto ou aquilo que não é feito da maneira que deveria ser feito, por exemplo, logo me tira do sério. Ainda assim, busco o prumo de novo. 

Nesta semana, foi assim: um dia ruim, de desesperança, desentendimentos e descontentamentos. Foi preciso me desligar dos problemas assistindo a um programa de entrevistas, assim que cheguei em casa. Depois, uma boa noite de sono, uma corrida de seis quilômetros na manhã seguinte e um bom café. Enchi o bloco de notas do celular com novas ideias, pensei em novos caminhos e voltei a me animar com o projeto que construí. 

Cabe a cada um de nós criar mecanismos para que a tristeza ou os problemas não tomem conta do cenário completo – e isso não é privilégio de um ou de outro. É um exercício que podemos praticar, tentando encontrar formas de olhar a vida positivamente para enxergar as qualidades naquilo que temos. 

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