Futuro presente

Futuro presente

Dizem que internet e tecnologia são coisas da Geração Y, de adolescentes, de gente mais nova. Eu, que já não sou mais tão jovenzinha assim, poderia ser colocada fora da lista de interessados no assunto, ou até considerada velha demais para acompanhar os avanços da modernidade. Nem preciso dizer que discordo completamente desse tipo de impressão, né?

Há algum tempo, e também por força do mercado da comunicação, tenho me interessado pelos temas relacionados à inteligência artificial ou à Internet das Coisas (IoT). Esses dois conceitos podem parecer muito distantes daquilo que vivenciamos cotidianamente, mas, aviso aos navegantes: tem muito mais tecnologia inserida entre nós do que imaginamos.

Além dos óbvios computadores e celulares, carros, televisões, eletrodomésticos, sistemas de iluminação e de segurança, por exemplo, também já estão conectados. Segundo a consultoria Gartner, mais de 8 bilhões de objetos (em um planeta com 7,6 bilhões de pessoas) estão ligados à rede atualmente. A estimativa é de que em 2020 este número salte para 20 bilhões de “coisas” com acesso à internet. 

Hoje, já é possível encontrar textos escritos integralmente por computadores. Dizem, inclusive, que essa é uma das grandes ameaças aos jornalistas, porque as redações não precisarão ter tantos profissionais nesse futuro sombrio, já que a tecnologia poderá fazer a maior parte desse trabalho editorial. 

Nós, seres humanos, podemos até estar ameaçados por máquinas incrivelmente capazes de nos superar, mas não podemos nos eximir da tutela. É da mente humana que a tecnologia tem se desenvolvido e o resultado pode ser um reflexo do nosso próprio comportamento. 

Em 2016, a Microsoft criou o Tay, um perfil de inteligência artificial que interagiria com adolescentes nas redes sociais. O projeto inovador durou um dia: depois de 24 horas ativo, o perfil teve de ser desativado, porque, em vez de se tornar mais inteligente e esperto, passou a reproduzir um comportamento absurdamente racista. Uma tentativa que não deu certo e que foi suspensa para ajustes. Um monstro que nós mesmos alimentamos, a partir de um comportamento virtual completamente dissociado, que domina as redes sociais.

É fato que estamos em pleno voo, enquanto aprendemos a pilotar. Mal conseguimos educar um perfil de rede social para que aprenda um comportamento minimamente educado e sociável, mas estamos sempre antenados e não despregamos o olho de um smartphone, de um computador, de um tablet. Vivemos um turbilhão digital, impressionados com a velocidade com que as novas invenções surgem e ansiosos pelo que vem pela frente. 

A despeito da incerteza que a inteligência artificial e a Internet das Coisas oferecem para o futuro profissional de quem é considerado mais velho para acompanhar as novidades, é certo que não temos como retroceder ou interromper a evolução e o desenvolvimento das tecnologias. 

Mesmo não sabendo o que tanta inovação reserva ao jornalismo, à vida privada ou ao próprio planeta, sigo empolgada com a possibilidade de vivenciar grandes transformações pelos próximos anos. E talvez seja justamente isso o que me move: não perder o interesse pelas novas possibilidades, muitas vezes surpreendentes, que a vida apresenta. 

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