Lições do esporte

Lições do esporte

Nunca fui de acompanhar e nem de torcer pelo esporte profissional. Mesmo gostando de fazer corrida de rua, musculação na academia, de andar de bike, faço parte daquele grupo que não tem um time do coração. Um evento como as Olimpíadas, por conta da superexposição na mídia, ninguém consegue ficar sem saber o que está acontecendo nas competições, mesmo que os jogos acontecendo nas madrugadas.  

Uma sensação que tive foi que o Brasil conseguiu fazer as pazes com o país que luta, que batalha. Parece que se reencontrou através de alguns atletas que provaram que ser brasileiro é um estado de espírito. Como não se emocionar com os exemplos da Rayssa Leal, que aos 13 anos ganhou a primeira medalha como se tivesse brincando na rua da sua cidade, do Ítalo Ferreira que parecia que mesmo participando de uma competição dura, também se divertia, do Isaquias Queiroz, que se determinou trazer um ouro para o Brasil.  

Gente que lutou bravamente para conquistar o seu sonho de participar de uma Olimpíada e trazer uma medalha para o Brasil e quem sabe mudar o rumo de sua vida e fazer sonhar milhares de outros brasileiros que poderão ir nessa mesma direção, seguindo o caminho do esporte, como uma possibilidade de melhorar as suas vidas. Tantas histórias de superação colocaram o país diante de um espelho. Quem não ficou tocado com a história de luta do ginasta Arthur Zanetti, campeão olímpico, que ensaiou um salto exaustivamente durante quatro anos e que no dia fatal, na saída final da acrobacia se desequilibrou e tocou no chão para não cair. Perdeu pontos e ficou sem a medalha que era certa. Deu um sorriso e tocou em frente. 

Acho que estávamos precisando de boas histórias de vidas brasileiras que não fossem os relatos cotidianos de corrupção, de brigas políticas e de violência. Essas notícias vão nos cegando para o país de quem produz bons exemplos. O que dizer da coragem e da persistência de uma menina como a Rebeca Andrade, que aos 16 anos conquistou o mundo com a alegria de quem sonha. Ganhou duas medalhas e conquistou o país com a sua simplicidade e na fala firme de reconhecimento da presença forte e carinhosa de Rosa Santos, a mãe que de alguma maneira representou todas as mães desse país. Que lutam pelos seus filhos, que sonham com um futuro melhor e bem diferente daquele que teve condições de viver e tenta a todo custo oferecer outra vida aos seus filhos. Que na próxima Olimpíada mais histórias brasileiras possam brilhar em Paris.

Compartilhar: