Mais sobre a revista

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Ainda no clima de comemorações pelos 29 anos da Revide, continuei minha retrospectiva na direção de um passado nem tão distante assim. E quanto mais me aproximava do ano de lançamento da publicação, 1986, mais perto chegava também de reacender a esperança de superação diante do atual momento econômico e político atual do Brasil.

Nas últimas três décadas, foram muitos os desafios enfrentados. Quando comecei minha vida empresarial, o presidente era José Sarney e a inflação seguia galopante. O país tinha em torno de 180 milhões de habitantes e a democracia começava a se redesenhar. A administração de Ribeirão Preto, que tinha em torno de 350 mil habitantes, era comandada pelo ex-prefeito João Gilberto Sampaio.

Nos anos que se seguiram, muitas novidades: eleições democráticas, impeachment, Plano Real, estabilidade econômica. A partir de meados da década 1990, os brasileiros passaram a experimentar uma sensação quase inédita de plenos direitos sobre seus recursos, com o fim da inflação, e sobre suas decisões, através do voto já um pouco mais amadurecido.

Com a proximidade dos anos 2000, uma nova preocupação dominou o mundo: o bug do milênio. Mas o caos não veio na virada do século, como se temia. Para os brasileiros, a década seguinte significou justamente o contrário. Parecia que o Brasil deixava de ser o país do futuro para se tornar a bola da vez. E, de fato, pode-se dizer que os temores político-econômicos que começaram a dominar os noticiários não provocariam tantos estragos por aqui.

A própria Revide, em seus 20 anos, em 2006, estava sólida, pronta para colher os frutos de uma luta árdua que, até pouco tempo atrás, não almejava muito mais do que a sobrevivência. Dois anos depois, a crise internacional encontrou em terras brasileiras um mar relativamente calmo, causando apenas as famigeradas marolas.

Diante disso, quem poderia imaginar a volta de tempos difíceis alguns anos depois? O fato é que os dois últimos anos, infelizmente, foram de perdas, inclusive, no que diz respeito às conquistas sociais que colocaram o Brasil na direção de um país mais justo, mais equânime. De novo, ficou difícil acreditar que somos todos iguais — isso, nem perante a lei, em um país marcado pela desigualdade.

A vergonha de sustentar alguns dos piores índices que apontam abismos, especialmente sociais, foi piorada pelos inúmeros escândalos de corrupção, numa sucessão de operações que parece não ter fim. São elas que dominam os noticiários e fazem com que a confiança de uma geração inteira vá se perdendo diariamente.

De novo, já na metade da segunda década do novo século, retornamos ao patamar da esperança — na melhor das hipóteses. A minha experiência diz que, sim, devemos acreditar que, mais uma vez, iremos sair dessa situação, seremos capazes de passar por mais uma crise, reinventando caminhos e buscando novas saídas. Para quem me pergunta como manter um negócio em atividade por tantos anos, talvez esta seja uma parte importante da resposta a ser dada: acreditar, colocar a criatividade em jogo e seguir adiante. Esta tem sido uma prática constante na Revide, que continuaremos perseguindo.

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