
Máxima para a vida
Em nossa caminhada, estamos constantemente em busca da direção correta. É assim comigo, e não acredito que alguém, em sã consciência, decida, por livre e espontânea vontade, permanecer em uma trilha que lhe pareça errada. Para isso, utilizamos todo repertório construído pela vida, por meio de leituras, de exemplos, da própria experiência e de outras referências encontradas no caminho.
Uma das máximas que carrego comigo, não de hoje, está, coincidentemente, na obra de Leandro Karnal, “Pecar e Perdoar – Deus e o homem através dos tempos”, que estou lendo neste momento. O historiador refere-se à celebre frase do líder cabalista Hilel, o Ancião, que foi contemporâneo do maior líder do cristianismo, Jesus Cristo. A máxima afirma imperiosamente: “Não faças aos outros aquilo que não gostaria que te fizessem a ti”. Na obra de Karnal, está traçado um paralelo interessante entre a afirmação do respeitado estudioso e os ensinamentos cristãos, cuja essência pouco se diferencia — Jesus ensina que se deve “amar o próximo como a ti mesmo.”
Para mim, não há dúvida de que este é um dos mais importantes — se não o maior deles — ensinamentos que o ser humano pode receber, independentemente de religiões. O pensamento me transporta diretamente a um outro conceito, algumas vezes interpretado de maneira simplista, mas de uma profundidade única: a empatia, que, segundo o dicionário, é a “capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende”. Resumidamente, seria a habilidade de se colocar, literalmente, no lugar do outro, enxergar com os seus olhos, pensar com as suas referências — e, por isso mesmo, este é um movimento tão complexo, que poucos conseguem fazer.
Para isso, é preciso um desprendimento sobre-humano, aliado a um enorme amor pelo próximo. Mais do que isso, é preciso tentar para conseguir, por mais duro que possa parecer, deixar nossas convicções de lado para compreender o outro, quando necessário. No dia a dia em sociedade, levar a sério tanto a lição de Hilel e Cristo quanto a essência da empatia podem, sim, modificar o nosso entorno. Afinal, quando passamos a agir em relação ao outro como gostaríamos de ser tratados, assim como quando nos esforçamos de coração para compreender as limitações do outro, o resultado só pode estar relacionado a um mundo com mais respeito e justiça.