Não basta ser mulher...

Não basta ser mulher...

É preciso se impor. E essa talvez seja uma das principais lições que aprendemos na prática, a duras penas, enquanto o tempo passa. Nunca fui uma pessoa pública, mas minhas experiências como secretária municipal na Prefeitura de Ribeirão Preto e na presidência da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto me levaram, algumas vezes, às notícias de jornais. Recebi críticas das mais variadas, diversas vezes. Lia coisas a meu respeito que nunca foram verdadeiras – e isso ainda acontece. Aprendi, com o tempo, a não me desestabilizar com agressões verbais ou morais e a me aceitar diante do que é dito. Não é tarefa fácil, mas é um bom exercício para uma vida plena.

Na Revide há 30 anos, trilhei um caminho que muita gente desacreditou. Era impensável, para muitos, que eu, uma mulher, estivesse à frente da empresa tentando fazer virar um negócio que talvez não tivesse futuro. Mas acreditei profundamente e lutei, sem descansar. O resultado é uma trajetória de credibilidade e confiança que a Revide conquistou na região de Ribeirão Preto.

Mas, para seguir adiante, me inspirei e me inspiro em muitas mulheres que venceram barreiras e que fizeram história, especialmente a Simone de Beauvoir – talvez aquela que mais admiro e que mais tenha contribuído para minha formação.

São vários nomes femininos em um só: Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir. Nascida em Paris, em 1908, foi uma escritora, filósofa existencialista e teórica social francesa. Também levantou, por muitas vezes, a bandeira do feminismo, especialmente no tratado escrito em 1949, O Segundo Sexo, uma análise detalhada da opressão das mulheres e um conteúdo fundamental no feminismo contemporâneo.

Em uma sociedade extremamente patriarcal e em uma época em que os homens se destacavam no campo intelectual, com pouco espaço às mulheres, Simone integrava um círculo de filósofos literatos, no início dos anos 40.

Ela teve uma influência decisiva no existencialismo e na teoria feminista. Seus pensamentos permeiam teorias e estudos até hoje. Suas ideias perpassaram décadas e continuam mais reais e ativas do que nunca.

Uma mulher que conseguiu quebrar os paradigmas e se manter como expoente no pensamento feminista ao longo de anos pode ser um grande exemplo para quem esmaece diante de pequenas dificuldades e se julga incapaz diante da primeira crítica.

Nunca fui a favor da vitimização das mulheres diante dos homens e das desigualdades na vida, mas fato é que há uma diferenciação, até hoje, que pode ser percebida nas diferenças salariais, por exemplo, e nos longos embates sobre a cultura do estupro.

Diante de duras realidades, a nós, mulheres, resta lutar bravamente para que continuemos a ganhar o espaço que nos é de direito. É uma luta em curso, da qual não podemos desistir. 

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