No carro,  na cabeceira  e na tela

No carro, na cabeceira e na tela

Música, literatura e cinema estão entre as formas de arte mais difundidas entre o público. Combinadas ou em momentos distintos, sempre inspiram e ampliam horizontes. Apesar de saber que cultura e artes dependem intimamente da visão de mundo e da bagagem individuais para impactarem em cada um de nós, acho válido dividir algumas das influências que têm feito parte da minha rotina.

O CD Loucura Total, do argentino Fito Paez com o brasileiro Paulinho Moska, é uma delas. O trabalho da dupla suplanta as origens e os estilos individuais dos músicos — o primeiro afeito ao rock e o segundo, com uma tendência ao pop — para passar a mensagem de que é a comunicação e até a mistura das línguas “hermanas” o que mais importa. Os dois propõem, por meio dessa viagem musical, a oficialização do tal “portunhol”, que quebraria de vez a barreira da língua na América Latina, tornando mais próximos os “hermanos”, ou irmãos. Com versões em português e em espanhol, as composições são equilibradas pelo produtor Liminha, como definem os próprios artistas.

Para a leitura, indico a biografia do neurocientista Oliver Sacks, “Sempre em Movimento”, que vem me fazendo refletir bastante nos últimos dias. Recentemente falecido por causa de um câncer, o pensador foi um dos médicos mais importantes de sua especialidade. Mais do que um grande estudioso da área, o domínio da arte de contar histórias e a sensibilidade com que enxergava seus pacientes o tornaram conhecido como “o poeta da neurociência”. Entre suas obras, “Tempo de despertar” tornou-se conhecida mundialmente por ter sido transportada para o cinema com Robbin Willians no papel principal.

Direto das telas vem mais uma referência para inspirar. O francês Samba, dos diretores Eric Toledano Olivier Nakache, tem um imigrante senegalês de mesmo nome como protagonista, ao lado de Alice, uma executiva experiente e estressada. Os dois se conhecem quando, preso por estar no país ilegalmente — apesar de viver na França há 10 anos — Samba recebe ajuda de Alice, que faz seu primeiro trabalho voluntário do gênero. O filme mistura, na medida certa, doses de comédia, drama e romance ao tratar de um tema mais do que atual nos países europeus. Vale ressaltar que Samba é interpretado por Omar Sy, ator que também deu vida a Driss, o cuidador de Intocáveis, filme de 2011 que conquistou a crítica e o público no mundo inteiro.

Isabel de Farias
jornalista e empresária

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