Nós somos responsáveis

Nós somos responsáveis

Ainda refletindo sobre as eleições e ouvindo os analistas políticos sobre a tal resposta das urnas, não consigo deixar de pensar o quanto é difícil avaliar o momento em que vivemos. O fato é que a pandemia mudou muito a vida e o humor da maioria das pessoas. Todos estão exauridos em um ano que teima em não passar. Quase 200 mil pessoas no Brasil perderam os seus familiares de doenças provocadas pelo coronavírus. Perderam empregos, negócios e a vida ficou em um compasso de espera quase insuportável. Como não acreditar que o resultado das eleições não tenha sido impactado por esse cansaço? Lembrando que já estávamos vivemos na sociedade do cansaço, da ansiedade e da angústia.

Contudo, fico com minha reflexão naqueles que ganharam as eleições e na campanha política. Aqui tivemos claramente uma campanha que mostrava uma cidade ideal e, do lado dos adversários, que desconstruíam essa mesma cidade. Será que nunca vamos conseguir juntar essas duas cidades? Elas existem não apenas na propaganda política. Por que os políticos, ao fim de uma eleição, não conseguem juntar as ideias para fazer um bom compilado dos bons pensamentos de ambos os lados e, assim, construírem realmente uma cidade mais digna?

Já faz muito tempo que temos visto a enorme desigualdade entre os brasileiros. E essa desigualdade vai se mostrando em cada cidade de uma maneira muito clara. Será que não está na hora de fazer política para minimizar esse fosso social? Ribeirão tem 96 favelas. A vida que essas pessoas vivem é inimaginável para uma grande parte de pessoas que vivem num bairro bom, com todos os serviços públicos funcionando perfeitamente. Nesses lugares, esses cidadãos não têm acesso a nenhum serviço público, vivem abaixo da linha de pobreza. E cada vez mais estou convencida de que é uma ilusão imaginar que não temos nada a ver com isso. Isso está escancarado nas ruas, com pessoas vendendo todo tipo de coisas nos semáforos, nos moradores de rua, nos pedintes. E não dá para banalizar essa verdade no nosso dia a dia.

Assumir que é preciso buscar uma melhor qualidade no ensino público e da saúde pública, não deixar uma pessoa esperar por seis meses ou mesmo um ano por um exame ou consulta não pode ser uma realidade numa cidade tão rica como a nossa.

Espero que o prefeito e a Câmara Municipal consigam deixar de lado suas diferenças e pensem, realmente, na cidade como um todo, estando presentes na vida daqueles que mais precisam da presença fundamental do estado.

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