Nossa dor

Nossa dor

Dizem que não costumamos nos importar com a dor do outro até que essa dor passe a ser nossa. Essa frieza é algo que só pode ser combatido com a empatia, até que entendamos o quanto a realidade alheia pode ser tão difícil — ou mais — do que aquilo que vivemos.

Temos vivenciado tempos difíceis com a Covid-19 e cada caso fatal da doença me impressiona de forma intensa. O último deles foi a morte do jornalista Rodrigo Rodrigues, de 45 anos, que perdeu a vida em razão do novo coronavírus.

Foi um fato aterrador. Rodrigo, sempre lembrado pelos colegas como um homem bem humorado e alto astral, fez o teste para o novo coronavírus mesmo sem sentir sintomas. O resultado foi positivo, mas ele se recuperava. Surpreendentemente, nos dias tidos como período final da doença, ele foi acometido por uma trombose venosa cerebral que o levou à UTI e, depois, à morte.

Impossível não sentir a dor da família quando se perde alguém dessa forma, por uma doença desconhecida e que os cientistas ainda não compreendem muito bem como se comporta. É impossível, também, não se assustar com as crescentes contaminações em nosso país, já que não se sabe quantas vidas ainda podem ser perdidas para a Covid-19.

Durante a pandemia, os protocolos de isolamento deixam o cenário ainda mais assustador, pois quem está com o vírus não pode manter contato com outras pessoas e precisa ficar sozinho. É um obstáculo a mais para enfrentar esse grande desafio que se apresenta. Pacientes isolados em quartos, em casas, em leitos de hospital e até na despedida, uma vez que os velórios também não podem ser razão de aglomeração.

Muitos de nós, se não todos, sentimos o baque das mortes no país — especialmente em casos que indicam novas complicações da doença, como o do jornalista Rodrigo Rodrigues. O site Inumeráveis tem feito um belo trabalho reunindo depoimentos em homenagem às vítimas da Covid-19, destacando que, por trás dos índices de letalidade e da soma de mortos, existem vidas humanas que merecem ser lembradas.

Todos nós estamos passando juntos por um obstáculo intenso e difícil de ser transposto, por isso é fundamental que levemos a sério a gravidade da doença, os impactos que ela tem causado em famílias e as perdas significativas que deixa no rastro da contaminação.

É hora de ter empatia e entender que a dor do outro também é nossa, até por não sabermos qual será o futuro da Covid-19 no país, por quanto tempo conviveremos com ela e quais os efeitos que ela trará, a médio e longo prazo.

A dor do outro também deve ser nossa. Estamos todos suscetíveis aos riscos e precisamos, mais do que nunca, de humanidade para ultrapassar esse momento mais do que complicado.

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