Nosso próprio tempo

Nosso próprio tempo

Um amigo me enviou um e-mail para comentar o texto que escrevi na última semana. Tratei sobre a desesperança, o pessimismo, o desânimo diante de tanta incerteza e de tanto problema que vivenciamos, atualmente, em nosso país. Ele disse estar chocado com minha visão e meus comentários sobre as dificuldades que temos vivido, de uma maneira geral, no Brasil. Pensei muito sobre isso nos últimos dias.

Quem me conhece minimamente sabe que estou longe de ser pessimista. Minha tentativa recorrente de tentar enxergar as possibilidades e o lado positivo de cada situação é uma característica que pode até irritar. Nunca fui de muitos amigos, nem de compartilhar sofrimento. Não sou adepta da teoria da reclamação e acho que, em vez de praguejar sobre qualquer situação desfavorável, vale muito mais tomar alguma atitude para, de fato, mudar o cenário. É quase a máxima de não ter tempo a perder. Levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. 

No geral, é esse meu modus operandi e é essa a forma de tocar a vida que eu aconselharia a todos. Ela pode dar trabalho, ser cansativa e até, vez ou outra, decepcionar. O que tenho para mim, desde muito nova, é que precisamos sempre nos manter ativos em busca daquilo que temos como objetivo. O trabalho, para mim, sempre foi o segredo do sucesso. 

 Meu pessimismo e meu desânimo com o Brasil estão mais ligados a uma frustração por acreditar que o país poderia melhorar e prosperar, mas que acaba por esbarrar nos reincidentes e frequentes obstáculos: corrupção, desigualdade, falta de educação e desgoverno.

É certo que qualquer empresário que se arrisque a investir naquilo que acredita está sujeito a dificuldades e fracasso. No caso da nossa revista, somos muito felizes com o projeto, que se consolidou ao longo desses 30 anos de história e que, apesar de alguns obstáculos no meio do caminho, tem se mantido como principal referência em nosso nicho, além de ser a única revista semanal de Ribeirão Preto. Por si só, esse resultado já merece comemoração.

Empreender por 30 anos é como correr por 30 quilômetros: você começa empolgado e com toda a energia que tem, mas se cansa a cada passada, embora comemore cada quilômetro alcançado. Por mais que você treine para ter resistência e aguentar o percurso todo, não dá para prever ou impedir uma eventual chuva, uma pedra no asfalto ou uma cãibra. E se os imprevistos surgem, é natural se entristecer, já que o desempenho pode ficar comprometido.

Cada um de nós tem um tempo, o próprio tempo, para encarar esses imprevistos, questionar as decisões, sofrer pelo que desagrada e tomar fôlego para seguir na maratona. Tudo isso faz parte do conjunto da obra. Às vezes, porém, a retração e o desânimo são mais intensos e nos atingem em cheio. Pode ser um pouco mais difícil enfrentar a ressaca, ora ou outra. Mas é a tal história da bicicleta: o movimento sempre nos mantém em equilíbrio. 

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