Notícias do jornalismo

Notícias do jornalismo

Sempre gostei muito de ler revistas. Esse sempre foi um prazer que mantenho há muito tempo. Desde que comecei no jornalismo que acompanho a produção feita no Brasil. A primeira revista brasileira foi lançada em Salvador, em 1812 e tinha o título de “As variedades ou Ensaios de Literatura”. Uma das revistas mais importantes, a Cruzeiro, do visionário Assis Chateubriand, foi lançada em 1928.

A história mostra que muitos títulos fizeram a história do jornalismo no país. Desde que a disrupção na maneira de consumir informações se tornou uma realidade, acredito que nunca tivemos uma diminuição tão grande de títulos nas bancas. Diversas revistas foram descontinuadas. Acompanhando essa linha do tempo, das primeiras revistas no Brasil, é fácil listar os títulos que ficaram pelo meio do caminho: Cruzeiro, Manchete, Realidade, Careta, para citar apenas algumas. Bem recentemente, a revista Época, depois de 23 anos de circulação, também migrou para o mundo digital. As semanais como Veja, Istoé, Carta Capital seguem firmes no seu papel de informar os fatos mais relevantes que acontecem no país e no mundo.

Mesmo com todas as dificuldades do setor, as revistas segmentadas, direcionadas para nichos de mercado, voltadas para um público específico, continuam circulando: revistas de cultura, como a mais nova, Quatro cinco um (voltada para o universo dos livros), a Cult, a Superinteressante e a Galileu, voltada para as ciências. Tem para todo o gosto. As revistas de moda já ditaram tendências e continuam no mercado tentando se adaptar ao novo mundo digital.

O mês de outubro trouxe boas notícias para o mundo do jornalismo. O Nobel da Paz foi para dois jornalistas que têm no DNA o compromisso com a investigação contra governos autoritários e que buscam no seu ofício fazer do mundo um lugar mais justo e mais informado. Outras duas boas notícias do mês: a Piauí mudou a sua forma de gestão. O fundador da revista, João Moreira Salles, criou um fundo patrimonial no valor de R$ 350 milhões, uma entidade sem fins lucrativos, o Instituto Artigo 220, que tem como objetivo dar autonomia editorial à revista. O principal propósito é respaldar o veículo com recursos que garantam a prática do jornalismo independente, sonho de todo jornalista.

Outra notícia que mostrou um jornalismo sério comprometido com a verdade foi a publicação em todo o mundo do Pandora Papers, as investigações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos sobre as offshores de mais de 130 bilionários em paraísos fiscais nas Ilhas Virgens Britânicas. Não dá para pensar uma sociedade democrática sem um jornalismo forte, sem uma imprensa livre. Mesmo que esse ofício hoje prescinda do papel, tenho a convicção de que será muito mais difícil a luta sem essa ferramenta fundamental para que a nossa civilização siga avançando nas conquistas por uma sociedade mais igualitária. Sem ela, sofreremos ainda muitos reveses.

Apoiar o bom jornalismo tem sido o nosso slogan e o nosso argumento junto aos leitores e patrocinadores. Para fechar o ano, a nossa programação é fazer mais quatro edições impressas, com a esperança de um ano novo com mais apoio dos leitores e dos anunciantes para que consigamos manter o nosso veículo chegando às bancas e aos condomínios da cidade pelo menos duas vezes por mês no formato impresso.

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