Novas impressões

Novas impressões

Sou apaixonada por revistas desde muito pequena. Lembro-me de ter ficado bem impactada com a Pop, quando eu tinha perto de 10 anos de idade, que trazia matérias sobre o universo musical. Algumas edições me marcaram bastante, especialmente pelo fato de estarem de ponta cabeça a partir da metade da publicação. 

Muitos anos depois, quando já havia começado o projeto da Revide, na década de 80, adaptei a ideia que tanto me agradava na infância: fizemos revistas em que era preciso virar, no meio da edição, para continuar a leitura. O projeto chamava-se “Revista-se” e me parece ter impactado muitos leitores, que até hoje comentam comigo sobre as edições que vinham com as tais páginas ao contrário.

Engraçado como algumas vivências da infância são carregadas por nós durante toda a vida. Essa paixão pelas páginas impressas nunca me abandonou e consegui transformar um gosto pessoal em um projeto profissional e de vida que já se consolida por mais de 30 anos.

Acredito que as revistas têm um diferencial atrativo, especialmente para as gerações que cresceram sem tanta modernidade. Folhear as páginas, sentir o cheiro da impressão e carregar o conteúdo nas mãos, materialmente, é prazeroso e, apesar de tantas previsões apocalípticas sobre o futuro da distribuição de conteúdo impresso, confio em uma longa sobrevida desse meio de comunicação. Confiança que não é baseada em minha fé ou em convicções pessoais, mas na própria resposta do mercado às publicações da Revide.

No final de 2015, demos início a uma nova safra de produtos customizados com a RD – Revide Decoração, que contempla o segmento da arquitetura e é direcionada a profissionais da área e a um público interessado diretamente no conteúdo. Alguns meses depois, foi a vez de dar vida à RM – Revide Moda, com as principais tendências em beleza e comportamento, também com foco e distribuição direcionados. A nossa mais recente publicação é a RS – Revide Saúde, que nos surpreendeu positivamente no ano passado e segue muito bem recebida por parceiros e leitores. Com temas relacionados à saúde e ao bem-estar, a RS se consolidou no mercado em pouco tempo.

Fato é que a revolução digital abalou o mundo dos negócios e da comunicação. Com tantas plataformas disponíveis e com a expectativa de que a nova geração não se interesse pelas páginas impressas, a migração de veículos para as redes virtuais parece certa e inevitável. Na Revide, conseguimos compor a modernidade e a tradição. Investimos no Portal, com notícias em tempo real todos os dias, mas também nos mantemos firmes às revistas, por acreditar que elas ainda são – e serão – uma mídia importante, com leitores fiéis e que sentem prazer na leitura do impresso.

Um vídeo muito interessante chamado Paper Age, criado pelo alemão Ken Ottmann, retrata justamente essa guerra entre o papel (representado por um dinossauro) e o digital (em suas múltiplas plataformas). O dilema está posto e, além dos nossos resultados com a Revide, as notícias mundiais também nos dão um respiro: a grande novidade no mercado internacional é a compra da revista Time pelo Grupo Meredith (dono das revistas People e Sports Illustrated). A negociação giraria em torno de U$ 2,8 bilhões. É uma transação bilionária por uma plataforma considerada ultrapassada que vai à contramão da digitalização do jornalismo e lança uma incógnita com ares esperançosos sobre o futuro.

Tenho o costume de não contar para ninguém os projetos que rondam a minha cabeça, até eu ter a certeza de quando, como e por que tirá-los do papel. Estou convicta de que teremos mais produtos de sucesso na Revide em um futuro próximo, com distribuição e linha editorial diferentes. Diante das nossas produções que se consolidaram e cativaram muitos leitores na região, não poderia achar diferente: ainda há espaço para crescer e produzir conteúdo de qualidade em páginas impressas. 

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