O amanhã:  a quem pertence?

O amanhã: a quem pertence?

Tenho pensado muito sobre a questão do amanhã. Acho que a expressão alemã Zeitgeist, que significa o espírito de uma época, diz muito sobre esse momento atual que temos vivido.

Fala-se muito sobre a previdência social e a discussão que a envolve está, basicamente, no envelhecimento da população. Quando nos deparamos com alguns números, passa a ser um tanto assustador nos darmos conta do momento histórico em que estamos.

Se pensarmos no Império Romano (27 a.C – 476 d.C), por exemplo, a idade média máxima era de 28 anos. Hoje, em pleno século XXI, cresceram a expectativa de vida e as incertezas.

Muitos dos bebês que estão chegando possivelmente trabalharão em profissões que ainda nem existem. Isso significa que ainda não há uma formação básica para que as próximas gerações atuem na sociedade. É consenso geral que tudo tem mudado com muita velocidade e deixar de se atualizar não é opção para qualquer profissional, em qualquer área.

Um mecânico de carros que não se atualiza pode perder seu posto de trabalho, porque os veículos – aqueles criados há menos de 100 anos – estão completamente automatizados. Para ser mecânico, hoje, é preciso entender de carros e de informática.

Um engenheiro que se forma hoje precisa entender que tudo o que aprendeu fez parte de um passado e que há novas tecnologias que ele precisa conhecer a partir do trabalho.

Se penso nisso, bate a certeza da mudança: quando eu comecei na minha profissão, o jornalismo, as publicações ainda eram produzidas na linotipia (melhor nem explicar). Em 30 anos de atividade na Revide, é notório que todo o modo de produção da notícia mudou radicalmente. Os tempos mudaram e os dramas também. Hoje, vivemos outro grande questionamento: será que o papel continuará a existir? Nessa história, alguns números assustam: a Folha de S. Paulo divulgou ter mais assinantes na internet do que na versão impressa. Qual será o próximo caminho?

Existe hoje uma discussão muito interessante no mercado da comunicação que é a tal da disrupção. Poucos sabem explicar algo que é tão novo e de difícil compreensão.

No dicionário, disrupção quer dizer uma mudança brutal de paradigmas. Um recomeço. É o CD dando espaço para um outro tipo de armazenamento que não é palpável. É o mundo do livro na nuvem. É uma biblioteca no celular. É o mundo nas mãos.

Mas afinal, o que isso tudo tem a ver com a questão do nosso envelhecimento e com as mudanças nas nossas vidas?
Tudo. Porque para fazer sentido envelhecer, viver 100 anos, ultrapassar todas as grandes conquistas da humanidade, é obrigatório para nós, nesse momento histórico em que vivemos, aproveitar tudo com pompa e circunstância.

E aí, pude me deparar com um livro genial, que mostra de maneira muito singela o que podemos fazer com essa possibilidade que nos é dada hoje: viver uma centena de anos.

Dois jornalistas foram buscar a resposta no Japão para saber como podemos viver bem até os 100, contando a experiência de pessoas que estão com essa idade. Qual o segredo? Existe uma fórmula?

No livro “Ikigai – Viva bem até os Cem”, eles mostram que há um estilo de vida por trás dessa permanência: tudo que você come, a sua alimentação, a maneira como você lida com a vida, como você trata os mais próximos e, principalmente, se você sabe lidar bem com as suas frustrações, é o que vai validar, e muito, a sua permanência neste planeta.

É certo que lidar com a morte, com as doenças e com as nossas limitações já é uma boa resposta para a longevidade. É preciso transformar essa teoria em prática e navegar, com a maior tranquilidade possível, na onda das mudanças. 

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