Para que eu não deixe de caminhar

Para que eu não deixe de caminhar

O ano de 2016 tem sido turbulento para a economia e para o País. Comemorar qualquer conquista ou celebrar o sucesso pode parecer uma atitude dissociada da realidade. E talvez seja por isso que o último dia 14 de julho, data de aniversário da Revide, não tenha sido de grande festa.

Teremos um grande evento, é verdade, no dia 25 de agosto, para celebrar nossos 30 anos de história e parceria com importantes empresas da cidade e da região. Afinal de contas, prosperar por três décadas em meio às incertezas econômicas do Brasil é um feito que merece comemoração.

Posso dizer, sem nenhuma dúvida, que tenho milhões de motivos para comemorar os 30 anos de Revide. Uma marca que é referência, com credibilidade. Montamos uma equipe de trabalho engajada e comprometida com nossos produtos — não só a revista semanal, mas também o Portal e as revistas especiais, como a RM e a RD. Construímos uma relação de fidelidade e lealdade com os leitores de Ribeirão Preto. A Revide, há três décadas, faz parte do dia a dia de muita gente. Isso, sem sombra de dúvida, faz com que eu fique orgulhosa, alegre e satisfeita. 

Por tantos anos, fazer a empresa perdurar tem sido uma luta, muitas vezes, desigual, mas a esperança de que faríamos um projeto vencedor sempre me fez ter novas ideias e novas iniciativas. Como uma bola de neve, foi dessa maneira que retroalimentei a revista ao longo dos anos. No momento em que os caminhos estão incertos e que a comunicação é uma incógnita, não posso me furtar aos questionamentos – internos e externos – sobre as decisões editoriais e empresariais que preciso tomar.

Confesso que na última semana, como nunca antes, o “climão” pelo qual passa o Brasil me pegou. A atmosfera de dúvidas e de mau humor é contagiante e, se a gente não cuidar, nós também somos contaminados. Como sempre lutei muito para combater o pessimismo, recuei por pouco tempo e combati novamente com o mesmo fervor que sempre tive para defender a revista nesses 30 anos. Penso que os recuos devam servir como impulso, para que sigamos adiante com cada vez mais força. 

Minhas convicções ou ideais, algumas vezes utópicos, levaram-me até aonde estou hoje. Trouxeram também a lugares onde nunca imaginei que pudesse estar. Levaram até à renegada política. A utopia me fez acreditar que eu poderia ajudar a transformar a cidade que escolhi para viver. Meus sonhos orientaram os passos que dei até hoje, com erros e acertos. Muitos desses sonhos, não realizados, transformaram-se em parte da estrada que continuo a trilhar. Outros são a bagagem que levo comigo.

Se você me perguntar de que adiantaram tantos sonhos, realizados ou não, durante essa trajetória, é a Eduardo Galeano que recorro para responder e encerrar. “A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. 

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