Para restabelecer o equilíbrio

Para restabelecer o equilíbrio

Em meio à euforia política vivenciada pelo Brasil nos últimos dias, ao acompanhar a movimentação em Brasília é inevitável pensar sobre como serão as próximas semanas e meses no País. Os sentimentos de incerteza e de insegurança permeiam o pensamento de todos nós. Não há como ficar apartado do atual descompasso.

Em um rápido olhar mais atento, e talvez mais traumático também, a questão deixa de ser apenas quem estará no poder no futuro próximo. Os dias seguintes não serão menos preocupantes do que o caos que já vivenciamos.

Fato é que desde a posse da presidente Dilma  Rousseff em seu segundo mandato, em janeiro de 2013, o diálogo, em algum momento, interrompeu-se. A articulação do Governo Federal com a população ficou comprometida e a comunicação se perdeu. Os pronunciamentos, que eventualmente trazem a posição da autoridade máxima em exercício, foram substituídos por sons de panelas, gritos e buzinas. Esta não é uma crítica aos protestos. É uma constatação sobre o quanto o diálogo entre o poder público e a sociedade é fundamental. Governantes e governados precisam se aproximar. O desconhecimento e a distância trazem grave desorganização política e social, que constatamos nos últimos meses.

Daqui para frente, com os rearranjos políticos, resta-nos esperar pelo destino das políticas públicas, da economia e da infraestrutura. Não há como negar que há polaridade no Brasil. Nossa própria cidade, Ribeirão Preto, tem regiões completamente distintas, quase antagônicas. São 666 mil pessoas morando na mesma cidade com oportunidades diferentes. São 202 milhões de brasileiros em um país desigual.

Os movimentos sociais lutam, em grande parte, pela igualdade de direitos — uma batalha que é travada historicamente. Refletindo sobre isso, pergunto-me por que não lutamos por mais equidade em nosso país.

Equidade vai além da igualdade. Equidade é reconhecer a imparcialidade em cada um dos que são comparados. É a disposição para entender as diferenças que impactam no desenvolvimento.

Equidade é a igualdade entre os desiguais. É muito mais do que oferecer o mesmo para esse e para outro. É reconhecer as necessidade desse e do outro, para oferecer a cada um o que os tornará mais semelhantes.

Partindo desse conceito de equidade, torna-se impossível, por exemplo, acreditar que uma criança sem recursos para uma educação de qualidade tenha grandes oportunidades no futuro. É impossível cobrar os mesmos resultados daqueles que não têm os mesmos direitos. E é impensável criar políticas públicas para o desenvolvimento de uma sociedade sem levar em conta a equidade desses direitos.

Reconhecer as diferenças nas necessidades de cada um é reduzir o impacto dessa distinção. É restabelecer o equilíbrio, atentando para cada situação. 

Compartilhar: