Por mais propostas reais

Por mais propostas reais

Pelo andar da carruagem das eleições em Ribeirão Preto, já era esperado que tivéssemos segundo turno neste ano. No dia 30 de outubro, voltamos às urnas para escolher entre um dos dois candidatos: Duarte Nogueira, do PSDB, ou Ricardo Silva, do PDT. 

O que mais me impactou na campanha para o primeiro turno, ainda com nove candidatos, foi a falta de um plano de governo que levasse em conta a atual situação da prefeitura e de Ribeirão Preto. Muito se falou sobre propostas, sobre a decadência da cidade e sobre os problemas estruturais. Pouco se discutiu sobre a dificuldade para acertar as contas e dar andamento aos investimentos necessários.

“Arrumar a casa” e “fazer uma auditoria nas contas” foram até expressões comuns entre a maioria dos candidatos nas propagandas e debates. Essa insegurança com relação ao cenário que será encontrado não foi suficiente para conter as propostas e projetos que não levam em consideração a falta de dinheiro e as dívidas do Governo Municipal.

A realidade é que a prefeitura está hoje inchada. A folha de pagamento dos funcionários públicos consome 52% do orçamento total da administração. Nessa conta não entram os terceirizados, que foram dispensados no último dia 30. Essa dispensa de mais de 500 funcionários contratados pela empresa Atmosphera afetou o funcionamento dos serviços públicos e, para dar conta do atendimento com o quadro reduzido, o horário de diversas repartições públicas foi alterado. A própria Secretaria da Fazenda diminuiu o expediente das 9h às 15h. 

O problema sequencial é que será necessário contratar mais profissionais para suprir as dispensas. Como fazer isso? Com nova terceirização ou com mais funcionários públicos, cuja folha já está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, ultrapassando a metade do orçamento municipal?

Afora essa grande questão que precisa ser levantada com muita cautela, ainda há obstáculos pontuais, como a dívida da Companhia Habitacional de Ribeirão Preto – Cohab –, que já reteve mais de R$ 54 milhões do Fundo de Participação dos Municípios desde 2013 para pagamento de uma dívida resultante de um acordo firmado ainda pelo ex-prefeito Welson Gasparini, entre 2007 e 2008, junto à Caixa Econômica Federal.

Esses são apenas alguns dos problemas que terão de ser enfrentados pelo próximo prefeito. Mais do que necessário, é imprescindível olhar para a administração municipal e para a máquina pública com olhos críticos e propor soluções factíveis para o atual cenário.

De nada adiante propor mundos e fundos e fazer o eleitor acreditar que a situação irá melhorar com a simples contratação de mais profissionais. É preciso discutir como será feita essa contratação, quais os reais impactos e como os gastos vão ser compostos diante do acerto das dívidas. A nós, eleitores, cabe cobrar por alternativas reais e medidas possíveis. 

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