Porque somos humanos

Porque somos humanos

Nada é bastante para quem considera pouco o que é suficiente”. Essa é uma frase atribuída a Confúcio. Eu concordo muito com isso. Nesses tempos de pandemia, a proximidade que a doença nos trouxe com a finitude parece que provocou nas pessoas uma maior reflexão sobre a vida, as relações e, principalmente, sobre o que é realmente importante na nossa existência.

Ainda assim, o que é perceptível é uma grande exaustão e muito descontentamento com o que se tem e com esse momento vivido. A sociedade do cansaço parece estar presente em cada espaço de convivência.

Segundo os estudiosos da alma humana, existe uma condição natural, essencial e praticamente igual em todos nós: aspiramos a felicidade, queremos ser reconhecidos e legitimados naquilo que estamos fazendo, porque nos vemos potencializados quando somos amados, respeitados e estimados. E, por fim, fugimos da dor e de tudo aquilo que nos causa desconforto.

O que parece contraditório é que essas opções são tão simples — até parece que isso está ao alcance das nossas mãos. Mas não é bem assim que isso funciona na nossa conturbada existência.

Para termos reconhecimento, o primeiro passo, talvez o mais importante, seria reconhecer valor no outro, estimá-lo, legitimá-lo, mas o nosso ego, o egoísmo que está marcado no nosso coração, não consegue avançar nessa direção. O que queremos é uma contrapartida.

Queremos falar nas redes sociais, participar das manifestações, queremos que reconheçam o nosso posicionamento, a nossa opinião. Aí começa a dificuldade. Às vezes, a nossa opinião não é levada em consideração, não somos ouvidos. E continuamos buscando esse reconhecimento. Queremos que percebam a nossa autonomia, a nossa liberdade de falar o que julgamos importante em todas as esferas da vida.

Queremos a felicidade, mas estamos sempre querendo o que não temos. Não nos contentamos com o que temos, estamos sempre almejando o que está longe. Mais um percalço a ser vencido.

Por fim, não sabemos lidar com a dor e a frustração. Melhor fugir que aceitar um dia de tristeza e luto. Aguentar o tranco de períodos difíceis.

Pensar sobre essas questões que nos constituem como humanidade poderá nos fazer pessoas melhores. Então, por que não tentar aprimorar uma empatia básica no reconhecimento do outro?

Buscar a felicidade não seria algo tão mais próximo como gostar do que já conquistou, agradecer, de fato, as pequenas conquistas cotidianas, parar de esperar o futuro e viver esse dia com tudo que ele tem de bom e ruim?

E por fim, entender de uma vez por todas que nossa vivência é esse amontado de coisas boas e ruins se alternando num ritmo alucinante. Alternar frio, calor, alegria e tristeza faz parte dessa boa jornada, desse caminho chamado vida.

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