Prazeres cotidianos

Prazeres cotidianos

Dizem os especialistas em qualidade de vida que temos de descobrir o que nos dá prazer e colocar isso em nossa listinha de atividades cotidianas. Estar atento ao que faz bem também está relacionado, na cultura japonesa, ao ikigai, que é aquilo que dá sentido à vida. Esse é, dizem, um dos segredos de uma vida longa e feliz.

Como acredito nisso, tenho tentado praticar. Procuro, por exemplo, encontrar prazer no trabalho. Fazer daquilo que é um ofício algo prazeroso é o que tenho feito ao longo dos últimos 30 anos.

Só que ninguém sobrevive de um prazer apenas, ainda mais se ele é, como no meu caso, o trabalho. Há que se buscar escapes na vida. Encontrei um deles na música, mas não foi só nela. Juntei as melodias a outra coisa que gosto muito também, que é a atividade física. Correr, por exemplo, ao som de uma boa música, faz esquecer o esforço e o desgaste do exercício. Acho que com essa técnica até consegui desenvolver uma boa condição física para minha faixa etária.

Por conta desses dois prazeres, a música e o esporte, procuro pesquisar e acompanhar os novos talentos, os lançamentos de artistas que gosto – ou que posso gostar. O objetivo de todo esse preâmbulo é falar de um músico pelo qual estou simplesmente encantada.

Ele se chama Almério é e do interior do Pernambuco. Para mim, uma das grandes surpresas do ano. Li uma reportagem sobre o lançamento do seu segundo CD — Desempena — e fui escutar as 11 músicas do disco. Que boa surpresa!

Nascido em Altinho e, segundo ele, morando entre Caruaru e Recife, fez a carreira lá na sua terra. Aos 36 anos, ganhou o prêmio de artista revelação por voto popular no Natura Musical. Conseguiu fazer sucesso ficando no seu lugar de origem. Não precisou migrar para o eixo Rio-São Paulo, como é natural dos artistas que galgam espaço e fama.

Assistindo depois a um show dele no Morro Bom Jesus, realizado em 2014, vi suas influências. Entre uma música e outra, uma poesia do Mário Quintana e uma boa presença de palco. O videoclipe de uma das músicas desse CD lembra muito o performático Ney Matogrosso, um dos artistas brasileiros mais libertários.

A música dele não é do Nordeste, é uma música do Brasil. Mesmo apadrinhado pelos pernambucanos Alceu Valença e Geraldo Azevedo e pela paraibana Elba Ramalho, que tem uma participação em uma das faixas, Almério já mostrou a que veio.

Como se já não fosse bom o suficiente transformar todo esse talento em uma das minhas maiores companhias, nos últimos dias, o melhor da descoberta foi quando pesquisei a origem do nome Almério. Descobri que é uma palavra teutônica e significa príncipe. Não vi nada mais original. Vale a pena ouvir. 

Compartilhar: