Preconceito

Preconceito

Eu sempre lutei muito para não ser surpreendida por preconceitos. Ter pré-conceitos ou mesmo conceitos definitivos sobre pessoas, fatos, situações, disso eu sempre fugi. Esta fuga sempre foi uma luta brutal comigo mesma. Pensar no que é diferente, naquilo que não me agrada, mas que na essência é do outro. O mínimo que eu preciso fazer é respeitar o outro.

Na literatura, sempre tive reservas com os livros de autoajuda, livros mal escritos, enfim, aqueles que, na minha modesta opinião, não me agradavam, mas sempre evitei emitir juízo de valor para quem gosta este tipo de publicação. Recentemente, fiquei surpresa comigo mesma com um livro. Uma pessoa muito querida me falou sobre ele e fiquei meio acanhada em dizer que não tinha muito interesse por aquele tipo de literatura.

Enfim, acabei me rendendo e resolvi comprar o livro. Trata-se de “O que eu sei de verdade”, da Oprah Winfrey. Foi aí que me descobri cheia de preconceitos sobre esta mulher. Pensava naquela americana, glamourosa, uma celebridade como tantas criadas pela mídia do consumo. Quando comecei a ler a biografia, fui surpreendida com uma escrita leve, despretensiosa, mas muito verdadeira da história dela, das suas vivências, dos medos e, principalmente, de um jeito muito interessante de encarar a vida.
Vi que não há necessidade de um rebuscamento literário para que eu pudesse compartilhar algumas de suas dores e angústias de vivermos nos dias de hoje. Mesmo tendo histórias tão diferentes, podemos sentir e reagir às situações que a vida nos impõe com o mesmo ponto de vista. Ela me obrigou a refletir com mais profundidade sobre as coisas em que acredito.

Tem uma passagem do livro em que ela diz: “Todo desafio que assumimos tem o poder de nos derrubar, mas o que é ainda mais desconcertante do que o golpe em si é nosso medo de não conseguir suportá-lo. Quando sentimos o chão tremer sob os nossos pés, entramos em pânico. Esquecemos tudo o que sabemos e nos deixamos paralisar pelo medo. A simples ideia do que pode acontecer basta para nos desestabilizar. O que eu sei de verdade é que a única maneira de superarmos o terremoto é nos prepararmos melhor para ele. Os tremores do dia a dia são inevitáveis. Eles fazem parte de estar vivo, mas acredito que essas experiências são presentes que nos obrigam a dar um passo à direita ou à esquerda em busca de um novo centro de gravidade. Não tente lutar contra elas. Deixe que elas o ajudem a se equilibrar melhor. O equilíbrio só existe no presente.”

Essa tem sido uma busca permanente: não jogar a responsabilidade para o futuro é viver com toda a intensidade possível o hoje. Acho que buscar viver o hoje centrada na vivência do que temos nos dá muita liberdade e leveza nas contradições que enfrentamos no nosso dia a dia. E, como disse no começo desta reflexão, a questão dos nossos preconceitos precisam ser encarada. Na grande maioria das vezes, ele se apresenta de maneira silenciosa e temos muitas dificuldades em assumir que somos preconceituosos, acreditando que somos livres, e quando resolvemos algo que incomoda já é mais um ganho na experiência de vivermos em sociedade e de aceitar as diferenças. Uma boa vitória comigo mesma. Então, fica a dica do livro.

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