Saber para mudar

Saber para mudar

Tenho observado que a bola da vez é falar mal do Brasil e do povo brasileiro. Com frequência, reclamamos que o nosso país não tem jeito ou, pior do que isso, insistir no discurso do abandono: “se puder, vou embora daqui”.

Desde que me entendo por gente, acho que nunca vi as pessoas tão desanimadas, desencantadas, sem demonstrar um mínimo de esperança em um futuro melhor. Para todo lado que se olha, aparecem coisas ruins. As boas notícias, quando surgem, são soterradas pelos casos de corrupção e de violência.

Fiquei pensando sobre qual seria o caminho para sairmos desse redemoinho sombrio em que nós entramos. Como se livrar desse mau humor que parece ter se instalado no ar?

Dia desses, o Arnaldo Jabor, na CBN, deu uma dica que eu gostaria de reproduzir e que me parece ser um instrumento para ajudar nessa transformação. Ele disse que só poderíamos contribuir com o nosso país se conseguíssemos entender como ele foi construído e sobre quais bases estamos hoje estabelecidos. Falou também sobre um seriado que conta uma boa parte de como foi constituída a política no Brasil. Acatei a sugestão, assisti e acho que ele tem razão.

A série se chama Inventores do Brasil e foi disponibilizada pelo Canal Brasil. São 13 episódios que narram a nossa história, desde o Imperador D. Pedro II até Tancredo Neves. Com o roteiro de Fernando Henrique Cardoso e Elio Gaspari e direção de Bruno Barreto, o programa mostra as vidas de 19 brasileiros ligados à política e à intelectualidade que fizeram parte de momentos importantes no desenvolvimento do país.

Acredito que descobrir as ideias de um Brasil conhecido por poucos brasileiros já seria um bom começo para um arranque rumo à transformação social. Penso que esse é um trabalho que deveria estar em todas as salas de aula do nosso país, afinal é desde a tenra infância que nos identificamos com costumes, culturas e hábitos. Nada melhor do que saber como foi feito o alicerce para ter a dimensão da casa que podemos construir. Não tenho dúvidas de que é preciso compreender a história se quisermos criar algo novo, mudar a rota do que estamos vivenciando por aqui.

D. Pedro II (mecenas da cultura que deu suporte ao regime escravocrata), Getúlio Vargas (que “moldou o Estado do século 20, com a praga do corporativismo”), Campos Salles (“que salvou as finanças nacionais”) dão início à narrativa, que segue por aqueles que “desinventaram” a democracia no início dos anos 1960: Jânio Quadros, João Goulart, Leonel Brizola, Carlos Lacerda e Humberto Castelo Branco. A caminhada vai até Tancredo Neves, morto em 1985. Todos homens que moldaram nossa história e direcionaram nossa política.

Vale a pena assistir e refletir sobre o quanto o conhecimento é libertador. É preciso e urgente conhecer o nosso passado para escrever uma nova história, mais justa, mais igualitária e que nos faça ser uma pátria. Precisamos recuperar o orgulho de ter nascido nesta terra. Acredito que é possível reverter o tal clima ruim, mas só poderemos agir se soubermos de onde viemos e para onde queremos ir. 

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