Sobre duas rodas

Sobre duas rodas

Com certa frequência, recebo e-mails e mensagens de leitores desta coluna que compartilham comigo algum assunto que gostariam de ver com mais destaque na Revide. Acho que todos são temas de relevância e que, de fato, merecem uma abordagem maior, ou um debate mais amplo.

Na última semana, recebi um e-mail do Carlos, que comentava sobre a importância das ciclovias na cidade e o quanto o município deveria investir, ou se preparar melhor, para receber os ciclistas.

O Carlos se diz apaixonado por bicicleta e eu também sou. Semanalmente, saio de bike pela cidade. Geralmente, o percurso escolhido é a Ciclofaixa, aos domingos, mas tento variar os caminhos de vez em quando.

O que consigo reparar, nesses passeios, é que a estrutura proposta para a Ciclofaixa de Lazer é bem interessante. Há monitores que ajudam na organização do trânsito, agentes da Transerp e equipamentos que garantem suporte ao trajeto. Minhas experiências ali sempre são muito boas – à exceção de alguns poucos episódios incômodos com motoristas que não respeitam a sinalização destinada aos ciclistas.

O problema é que a Ciclofaixa, como o próprio nome completo diz, é para lazer. Ela funciona apenas um dia por semana, conectando dois parques da cidade – o Raya e o Curupira. Para que a mobilidade com as bicicletas seja viável no município, é preciso planejamento, investimento e educação.


As ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade.
William Shakespeare


O planejamento inicial teria a ver com o trajeto das ciclovias, que precisariam conectar áreas consideradas chave na cidade, com grande movimentação e fluxo de pessoas. Não podemos criar pistas para ciclistas que liguem o nada ao lugar nenhum. Se Ribeirão Preto tiver um caminho útil para os cidadãos, o uso das bikes pode ser incentivado e mais pessoas podem utilizar as bicicletas como meio de transporte.

Em São Paulo (claro que guardadas as devidas proporções), as ciclovias possuem estrutura em diversas regiões da capital, contando, inclusive, com semáforos específicos aos ciclistas. Já em Ribeirão, há circuitos desconectados: um na Avenida Henri Nestlé e outro na Via Norte. Para se ter uma ideia, a distância entre ambos é de aproximadamente 10 quilômetros. 

Isso significa que para ir de uma ciclovia à outra, quem está na bicicleta precisa atravessar 10 quilômetros, dentro da cidade, sem estrutura, por vias normais, disputando espaço com os veículos, sem segurança. Em um contexto assim, fica difícil propor que mais pessoas troquem o carro pela bike.

É fundamental que o poder público tenha olhos para esse tipo de alternativa que se faz urgente nas grandes cidades de qualquer país do mundo. Já é sabido que os veículos, da maneira como são fabricados e abastecidos, hoje, não são os mais sustentáveis, tampouco contribuem com a preservação do planeta. E como sair desse contexto?

Deixo a reflexão para os amigos que gostam de rodar por aí de bicicleta, como o Carlos e eu, e para aqueles que também gostam de pensar a cidade, o futuro e buscar alternativas para um ambiente mais agradável e funcional. Quem sabe, juntos, tenhamos boas ideias e encontremos um caminho que ajude a transformar nosso município em um lugar melhor. 

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