Sobre empreender

Sobre empreender

Estive, na última semana, na inauguração do novo Centro Médico do RibeirãoShopping. Durante o evento, andei por lá e constatei o tamanho do investimento que foi feito ali. É perceptível o quanto de esforço e recursos foram empregados naquele espaço no período de um ano — do lançamento, em junho do ano passado, até esse evento de abertura.

Foi um dia de festa, um dia de comemoração. Naquele momento, pensei em duas coisas: na crise pela qual o país todo tem passado e na indubitável coragem de um homem, o Isaac Peres. Certamente aqui, qualquer um pode dizer: “mas não foi mérito dele, foi responsabilidade do grupo”, ou algum argumento do tipo. Explico.

Tenho certeza de que para algo assim acontecer, é preciso ser um visionário. É necessário ter a mesma coragem que Isaac teve há 35 anos, quando veio para Ribeirão Preto e comprou as terras onde hoje está um dos maiores shoppings do Brasil. A cidade acabava ali e ele foi montando pedaço a pedaço, como em um lego.

Estou certa de que o dinheiro deixou de ser importante para esse homem há muitos anos. Eu o conheço de vista, de ouvi-lo em inaugurações e eventos formais, com discurso pré-definido pela assessoria. Tenho vontade de perguntar a ele: o que te move? O que te faz continuar acreditando em empreender nesse país?

O sentimento que move esse homem é o fazer: e fazer bem feito. Essa expressão ele já usou em entrevista à Revide, algum tempo atrás, ao comentar o sucesso do RibeirãoShopping e todas as expansões do empreendimento.

Para quem não conhece a história do Isaac, ele nasceu lá pelos idos de 1940 e hoje, aos 75 anos, carrega a mesma paixão pelo fazer que tinha quando chegou aqui e resolveu investir em algo novo. A cidade possuía cerca de 300 mil habitantes (a metade do que possui hoje) e poucos tinham possibilidades de frequentar um shopping center.

Hoje, esse empreendimento emprega mais de 5 mil pessoas e, em número de funcionários na cidade, perde apenas para a Prefeitura de Ribeirão Preto, para a Universidade de São Paulo (USP) e o Hospital das Clínicas.

No momento em que me pego refletindo sobre tudo isso, eu, responsável por uma empresa pequena, sofrendo as consequências de uma crise econômica que ainda não tinha vivenciado, penso que se ele ainda acredita na prosperidade dos negócios, é nosso papel, pequeno e médio empreendedor, continuar acreditando.

Sempre reflito sobre o que significa empreender no Brasil, ter uma empresa, ter funcionários e, principalmente, em ter um governo como sócio - e um ainda perdulário. Para quem está “do outro lado do balcão”, é sempre fácil pensar que a vida de quem é empreendedor é só alegria. Aliás, visto de longe, tudo sempre parece mais simples. O que realmente difere um grande projeto de qualquer outra realização mediana é o nível de persistência e dedicação que existe diante das dificuldades. E talvez seja essa uma das principais lições que o Isaac possa ter ensinado a todos nós, que lutamos para empreender no Brasil. 

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