Sobre a Feira do Livro

Sobre a Feira do Livro

Estimular o hábito da leitura entre crianças e adultos é um desafio que ainda exige muito trabalho e discussão por parte dos especialistas.

Em 2007, li uma notícia em um jornal da cidade afirmando que a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto corria o risco de não acontecer. Fiquei, à época, muito preocupada e indignada com a possibilidade de mais um projeto cultural da cidade se perder. Para encurtar a história, acabei assumindo a presidência da Fundação Feira do Livro, organizadora do evento, cargo que ocupei por sete anos, ao lado de Edgard de Castro na vice-presidência.
Posso dizer que foram anos maravilhosos, de muito trabalho, mas extremamente gratificantes, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional. Foi um período de aprendizado intenso sobre o ato de compartilhar. Logo no início, entendi que promover um evento gratuito em espaços públicos teria que envolver uma verdadeira força-tarefa. Desde então, adotamos uma frase como um verdadeiro mantra: a Feira é de todos — não pertence a partido político, apenas à cidade.

Transformar este mantra em realidade talvez tenha sido o grande legado que Edgard, Heliana, também vice-presidente, e eu deixamos para os próximos dirigentes. Quando, em 2004, a Feira deixou de ser uma realização da Prefeitura para ser produzida por uma Fundação — entidade privada sem fins lucrativos —, criamos um novo modelo que, para dar certo, precisaria da participação da sociedade. E assim foi o nosso trabalho.

Inicialmente, o projeto não tinha, sequer, um único recurso de emenda parlamentar. Hoje, conta com verbas de todos os deputados da região, tanto na esfera federal quanto na estadual. Atualmente, há, também, subvenção municipal, recursos provenientes de patrocínios livres e também de leis de incentivo à Cultura, tais como Proace Rouanet. A Feira conta com um grande número de empresas patrocinadoras e apoiadoras, que acreditam na proposta e, mais do que isso, fazem questão de participar ativamente.

Outra conquista foi a união dos escritores locais, que passaram a valorizar a Feira como um momento realmente especial nas suas vidas pessoais e, também, de trabalho intenso. Não só autores, mas também outros artistas locais, como músicos e atores, passaram a ter um local aberto para mostrar seu talento na Feira do Livro.

Sem falar no Cartão-livro, outro projeto bem-sucedido que propôs um pequeno recurso para cada aluno das redes estadual e municipal adquirir seus primeiros livros durante o evento, dando início a sua biblioteca pessoal. Para isso, a Fundação passou a contar com verbas específicas do Município e do Estado de São Paulo.

A Feira Nacional do Livro é, com certeza, o projeto cultural que conseguiu o maior número de apoiadores envolvidos da nossa cidade nos últimos tempos. Sei que ainda há muito por fazer, e estimular o hábito da leitura entre crianças e adultos é um desafio que ainda exige muito trabalho e discussão por parte dos especialistas. 

O que sinto é que, no período em que a Feira acontece, o clima da cidade fica mágico. Naqueles 10 dias, Ribeirão Preto parece respirar diferente. Acredito que uma cidade mais leitora será mais crítica e educada, o que pode mudar verdadeiramente a qualidade de vida da nossa sociedade. 

Pesquisas mostram que pessoas que cultivam o hábito da leitura têm mais condições para lidar com os problemas do cotidiano, são capazes de se relacionar melhor e têm mais condições de lidar com as dificuldades da vida, estabelecendo melhores relações. Como otimista que sou, acredito que a Feira pode contribuir, e muito, para que este número de leitores cresça ano após ano e, assim, mesmo que devagar, vá mudando o cenário da cidade.

Isabel de Farias
Secretária de Infraestrutura e Coordenadora da Limpeza Urbana de Ribeirão Preto

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