A sujeira do primeiro turno

A sujeira do primeiro turno

O título acima não sugere a comercialização de votos, nem tão pouco se refere às falhas verificadas no processo eleitoral brasileiro. Ao contrário, acredito que o modelo democrático do nosso país é um dos mais eficientes do mundo. Basta observar que, depois de uma votação envolvendo mais de 140 milhões de eleitores (exceção daqueles que abriram mão do direito de ir às urnas), os candidatos eleitos ou aqueles que seguirão para o segundo turno — caso dos candidatos ao governo de 14 estados brasileiros e de Dilma Rousseff e Aécio Neves, que seguem disputando a presidência da República até o dia 26 de outubro — são conhecidos em algumas horas.

No dia da eleição, no entanto, outra marca que não a da agilidade impera nos municípios brasileiros, inclusive em Ribeirão Preto: a sujeira no entorno das seções eleitorais. Pelas ruas e calçadas, panfletos e “santinhos” dos mais diversos candidatos cobrem o asfalto, praticamente impedindo a visualização do chão onde se caminha. Esse volume todo de papel foi, inclusive, a causa de alguns acidentes Brasil afora que ganharam destaque na imprensa nacional, também no interior de São Paulo.

Além de ter causado quedas e fraturas — algumas bem sérias, aliás —, essa sujeira das eleições deixou muito trabalho pela frente. Sob a supervisão da Coordenadoria da Limpeza, a Estre, empresa responsável pela limpeza de Ribeirão Preto, informa que 90 pessoas estão envolvidas na tarefa de deixar o entorno das seções eleitorais do município limpas outra vez. Este serviço está sendo feito durante o turno normal e segue até o dia 10 de outubro. Os bairros que apresentam as condições mais críticas são exatamente aqueles que abrigam as maiores seções da cidade, como Campos Elíseos, Adelino Simioni, Vila Virgínia, Sumarezinho e Ipiranga.

Apesar de ser impossível mensurar o volume que o lixo especificamente produzido nas eleições representa, dá para imaginar que não é pouco. Tendo elegido cinco candidatos — dois para a Câmara dos Deputados e três para a Assembleia Legislativa —, havia no último pleito 27 candidatos de Ribeirão Preto, um número bastante considerável. Isso sem falar nos diversos concorrentes da região, que fizeram intensa campanha no município.

Todo esse cenário persiste no momento em que as novas regras proíbem qualquer tipo de propaganda no dia da votação. Ora, se não se pode entregar santinhos, panfletos, broches ou outro material contendo informações eleitorais aos cidadãos, por que seria permitido jogar esses informes pelo chão? Eu prefiro imaginar que, quando segue para sua seção, o brasileiro já fez sua lição de casa: pesquisou os candidatos, escolheu seu representante seguindo seu critério pessoal, preparou sua “cola” por não deixar tanta responsabilidade para a memória e cumpriu sua missão como eleitor. Assim espero que se siga no segundo turno, no dia 26 de outubro.

Isabel de Farias
Secretária de Infraestrutura e Coordenadora da Limpeza Urbana de Ribeirão Preto

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