A tal da ingratidão

A tal da ingratidão

"A ingratidão é sempre uma espécie de fraqueza. Nunca encontrei nenhuma pessoa competente que fosse ingrata”. Adoraria que essa frase fosse minha, mas é do Goethe. Ainda que tenha sido escrita há muito tempo, é incrível como descreve um sentimento tão atual e tão humano.

Nunca fui de cobrar gratidão dos outros, até porque sempre achei que esse tipo de sensação deve nascer dentro de cada um. É algo muito interno, que precisa florescer em cada pessoa. Não há como exigir que alguém seja grato pelo que você fez. A pior parte é que não há como lamentar os ingratos.

Não acho que ingratidão seja apenas o fato de não agradecer (ou se sentir agradecido) a algo ou alguém. Vai além. É virar as costas para quem te estendeu a mão, ofereceu alguma ajuda ou simplesmente se colocou à disposição. Tocando uma empresa há 31 anos e me relacionando com muitas pessoas em Ribeirão Preto, já me deparei com todo tipo de gente. Posso garantir que o tipo ingrato é um dos mais decepcionantes.

Em minha vida, fui forjada a dar a volta por cima dos problemas. Não sou de lamentar, nem de ficar estagnada diante de intempéries. Quando aparecem as dificuldades, alguma energia toma conta de mim como se não me deixasse sucumbir frente a um obstáculo. Talvez por isso eu nunca tenha parado para lamentar cada decepção com as pessoas com quem me deparei e que, de alguma forma, acabaram me ferindo.

Nessas mais de três décadas no comando de uma empresa na cidade, já tive inúmeras oportunidades para ajudar e ser ajudada. Sempre me atentei aos que me estenderam a mão durante essa trajetória. Acredito profundamente que não conseguimos construir grandes projetos sozinhos: é preciso ter ao lado quem acredite na ideia e incentive, seja da forma como for.

Tenho muito orgulho de, ao longo desse tempo, ter encontrado parceiros profissionais e pessoais que toparam caminhar ao meu lado, a despeito de todo e qualquer problema que surgisse no meio da trajetória. Sinto orgulho e agradeço, porque sei que apesar de levantar a bandeira da Revide por todos os cantos e, eventualmente, ser o nome responsável pelo projeto, nenhuma página é produzida apenas por mim. Há, pelo menos, três pessoas envolvidas na produção de cada página da revista que você lê e, sem essas pessoas, eu não teria conseguido concretizar tantos planos.

Fato é que em mais de 30 anos de trabalho, nem tudo tem sido um mar de rosas. Atualmente, inclusive, os tempos estão difíceis, com crises econômica e financeira batendo à porta. Fazemos malabarismos semanais e, superando dificuldades, temos tido êxito. Produzir a única revista que é distribuída toda semana em uma cidade do porte de Ribeirão Preto não é das tarefas mais fáceis, mas é uma das mais prazerosas que eu poderia ter escolhido em minha vida.

Difícil é quando nem todo mundo entende que as dificuldades não surgem porque queremos que apareça. Difícil é acreditar que há quem propague más notícias, mesmo que conheça todas as agruras. Aprendi, porém, que não posso lamentar a falta de companheirismo e a tal da ingratidão. Infelizmente, elas estão por aí. E, aos ingratos, desejo que encontrem muitas pessoas boas na vida. Quem sabe um dia sejam despertados pelo mesmo sentimento. 

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