Tempos de lonjuras

Tempos de lonjuras

Dias atrás eu pensei que há tempos não recebo cartas. A última foi há alguns anos, junto de um presente, em um de meus aniversários. Desde então, os contatos com os amigos ficaram mais delegados ao mundo on-line, especialmente o WhatsApp. Até as ligações ficaram mais escassas e o sentimento de união entre as amizades é cada vez mais sustentado pelas ferramentas virtuais.

Embora eu seja fã do hábito da escrita e sinta saudade de receber cartas ou bilhetes em papel, é certo que os tempos atuais também nos forçaram ao distanciamento. Desde quando o isolamento social foi sugerido como medida de contenção à propagação do novo coronavírus, encontrar com os amigos, então, transformou-se em missão impossível — e imoral. Alimentamos a saudade e, nesse meio tempo, buscamos meios de nos conectarmos virtualmente com quem mais gostamos.

Os amigos têm feito falta, que tento suprir com as alternativas on-line. Estou certa de que manter o contato com aqueles que amamos e que podem sustentar uma conversa acalentadora em tempos difíceis é fundamental para superarmos as adversidades que temos vivenciado. Principalmente por aplicativos de mensagens, tenho checado como meus amigos estão e acompanhado o dia a dia de alguns deles, para me manter conectada àqueles por quem tenho afeto.

Minha recomendação para esse momento de incerteza — e algumas tristezas — é não transformar o distanciamento em afastamento. Temos, hoje, inúmeras formas de nos mantermos conectados àqueles de quem gostamos. Ainda que não seja o mesmo que um abraço, já é uma alternativa para encarar a vida de uma forma mais leve — e partilhada.

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