Um pouco de perenidade

Isabel de Farias

16 Nov 2017 13:19

Quando Mark Zuckerberg, dono do Facebook, decidiu comprar o Snapchat e não conseguiu, implantou no Instagram (esse, ele conseguiu adquirir) um recurso chamado Stories. O lançamento aconteceu no início deste ano e a ferramenta ganhou espaço e popularidade.

Para quem não é adepto desses aplicativos, explico brevemente: o Snapchat é uma rede social que permite a publicação de conteúdo com duração limitada a 24 horas. Depois disso, a fotografia desaparece. No Instagram, as fotos postadas permanecem até que o próprio usuário exclua. Já no Stories, as imagens têm durabilidade definida: um dia.

Pensar sobre o período em que as imagens e o conteúdo ficam disponíveis reflete bem o momento atual que vivemos. Tudo muito rápido, tudo ao mesmo tempo, pouca coisa duradoura. Nossos dias são cheios de atividades. O trabalho consome boa parte do cotidiano e o pouco tempo livre é motivo de disputa entre diversas atividades — ou, pelo menos, deveria ser. É fato que o uso das redes sociais tem nos consumido de forma avassaladora. 

No entanto, quanto será que guardamos de tudo que vemos, lemos e ouvimos? Assistir aos Stories de dezenas de pessoas em poucos minutos pode ser divertido, mas qual será a diferença que realmente faz na vida de cada um? Costumo dizer que o Instagram é um ambiente bem mais afável do que o Facebook, por exemplo. Lá não há grandes desentendimentos, “textões” ou debates. São imagens e, em geral, retratos de uma vida feliz e alegre, de gente que não demonstra, na maioria das vezes, ter problemas. Dar uma espiada na vida dos amigos e nas postagens é legal, mas, na vida, precisamos, também, de um pouco de perenidade. 

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