Um retrato do asfalto

Um retrato do asfalto

Há pouco mais de dois meses, dividi com os leitores desta coluna minha satisfação em conhecer, por meio do Observatório Social, o professor José Leomar Fernandes Júnior, um dos maiores especialistas em Engenharia de Transportes do Brasil, que integra a equipe da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Como relatei na ocasião, apesar de atuarmos em atividades completamente distintas — ele, um especialista em asfalto, e eu, na condição de gestora pública —, a empatia e o entendimento que tivemos foram imediatos. Ali, já havia sinais de que aquele encontro poderia resultar em algo de positivo para a cidade.

De fato, a oportunidade apareceu por conta de uma feliz combinação de fatores. De um lado, a Secretaria da Infraestrutura vive um momento em que todos os esforços estão direcionados no desenvolvimento de um trabalho sério e comprometido, que consiga fazer a diferença na vida da cidade, apesar das suas limitações; de outro, está um professor engajado e experiente, com grande vontade de ajudar e um enorme conhecimento a dividir; na terceira ponta, está a força universitária reunida em Ribeirão Preto, formada por instituições igualmente dispostas a contribuir com a comunidade em que estão inseridas.

Envolvendo esses três pilares, foi possível sonhar com uma missão ambiciosa: fazer um diagnóstico detalhado do pavimento de Ribeirão Preto. A proposta é exatamente fazer um retrato detalhado das condições dos 30 mil segmentos, ou quarteirões, do nosso município. A missão parece impossível, mas não é, segundo o especialista no assunto. O próprio professor José Leomar já coordenou trabalhos equivalentes em outras localidades, como Brasília, a Capital Federal.

Para isso, será criado um Sistema de Gerenciamento da Pavimentação Urbana (SGPU), que, por sua vez, deverá ser alimentado com dados sobre o asfalto da cidade: condições, idade e qualidade do pavimento serão registrados criteriosamente. É nesta etapa do trabalho que estão inseridos os estudantes do Ensino Superior de Ribeirão Preto. Três instituições instaladas na cidade toparam o desafio e assinaram um convênio com a Administração Pública: Centro Universitário Moura Lacerda, Universidade Paulista (Unip) e Estácio/Uniseb.

E foi para apresentar aos estudantes envolvidos no processo — voluntariamente, diga-se de passagem — que o professor José Leomar retornou à cidade na última semana. O especialista deu um breve treinamento aos 134 alunos dos cursos de Engenharia Civil, que entenderam a importância de participar desse momento histórico para Ribeirão Preto. O professor da USP de São Carlos continuará à disposição dos alunos e dos coordenadores para acompanhar o trabalho. Assim como a minha, a expectativa de José Leomar é bastante otimista: para ele, é possível, com máxima dedicação de todos os envolvidos, cortar pela metade o prazo de um ano para ter esse levantamento finalizado.

Volto a esse assunto porque me sinto extremamente orgulhosa desse projeto, e por vários motivos. Além de se tratar de uma iniciativa inédita, sem custos para a Prefeitura, a ação deixará um enorme legado para o Município, uma vez que, com um diagnóstico técnico na mão, fica mais fácil para, independentemente do gestor do momento, tomar as decisões relativas à pavimentação urbana. A ação também ajuda a mostrar que, quando há o envolvimento de diversas frentes interessadas para a conquista de um objetivo comum, as chances de sucesso se multiplicam.

Quem já vivenciou ou conhece, mesmo que por relatos, a realidade do setor público, sabe que dois meses representam um período relativamente curto para o planejamento de um projeto da magnitude deste, que acaba de começar em Ribeirão Preto. O caminho é longo e exigirá persistência de todos os envolvidos para que, em novembro de 2015, esta ação tenha se tornado um modelo a ser seguido, tanto na teoria quanto na prática.

Isabel de Farias
Secretária de Infraestrutura e Coordenadora da Limpeza Urbana de Ribeirão Preto

Compartilhar: