Uma palavra necessária

Uma palavra necessária

Acredito que uma das palavras de ordem de 2020 tenha sido resiliência. Neste ano, que ainda não chegou ao fim, mas que se aproxima da reta final, foi preciso fazer mais com menos e superar inúmeras adversidades.

No momento em que escrevo este texto, mais de 1,4 milhão de vidas haviam sido perdidas em decorrência do novo coronavírus. Ainda que haja discussões acerca das medidas de contenção da doença e correntes que defendem a flexibilização das medidas de isolamento social, é certo que estamos diante de um grande desafio que, de alguma forma, precisa ser combatido. Apostamos nas vacinas, mas a data em que elas estarão disponíveis e o momento que imunizarão pessoas suficientes para que tenhamos uma vida mais tranquila ainda são incertos.

Talvez uma das principais lições que aprendemos desde o início da pandemia de Covid-19 tenha sido a importância de nos adaptarmos aos cenários adversos — alguns deles que nem podíamos imaginar vivenciar. Afinal, quem pensaria em passar mais de seis meses do ano evitando sair de casa, utilizando máscaras e restringindo o contato com as pessoas próximas?

Na Revide, também sofremos as consequências da pandemia. Tivemos de fazer algumas mudanças que, em 34 anos de história, nunca tínhamos feito. Passamos a desenvolver, de forma totalmente remota, as edições semanais da revista. Toda a equipe de produção jornalística está atuando em home office desde o dia 22 de março e, nesse período — já são mais de 240 dias — conseguimos produzir edições impressas e digitais.

Confesso que por alguns dias achei que não sobreviveríamos às adversidades. Imaginei, por vezes, que não resistiríamos ao cenário de um mercado retraído e completamente inseguro com relação ao futuro. Investimentos minguaram, novos projetos foram suspensos e grande parte dos empresários decidiu esperar por um cenário mais favorável para retomar as atividades. A Revide se viu diante de um grande problema que parecia insuperável e eu me vi diante de um desafio enorme. 
A resiliência, no entanto, falou mais alto. Fato é que quando estamos encarando uma potente força contrária, temos de criar uma outra força, nossa, que reaja tão ou mais intensamente. Desistir não foi uma opção, mesmo sendo tudo tão difícil. Foi preciso pensar e repensar caminhos, testar ideias e não ter medo de arriscar. 

Conseguimos — e estamos conseguindo — levar as notícias da região aos leitores e internautas com qualidade, mesmo fazendo todas as adaptações necessárias. Tenho convicção de que quando fazemos aquilo que gostamos, tiramos energia de qualquer fio de cabelo para seguir adiante. E tem sido assim na Revide, neste ano que teima em nos apresentar obstáculos. 

Lamento profundamente as vidas perdidas, os transtornos causados e as tristezas que a Covid-19 causou no país e no mundo e espero que não passemos por um acontecimento tão dramático novamente — embora, em razão de nosso estilo de vida, a recorrência de uma pandemia é algo que já está no radar dos cientistas. 

A todos aqueles que estão conseguindo sobreviver literal e metaforicamente, resta a certeza de que ser resiliente não é uma opção, mas uma necessidade. Desejo que sejamos fortes para superar o que vem pela frente nesta reta final de 2020 e no início de 2021. Sei que é possível com cuidado, responsabilidade, empatia e vontade. Unindo tudo isso, podemos chegar mais longe.

Compartilhar: