Uma questão de convergência

Uma questão de convergência

Independentemente do gosto pelas novas tecnologias, a verdade é que, para comunicar-se no século XXI — seja por interesses pessoais ou empresariais —, é preciso estar conectado. A internet e os diversos aparelhos eletrônicos que permitem acesso a ela mudaram definitivamente as relações humanas e a comunicação, em todos os níveis, num movimento que não tem volta. Portanto, melhor conhecer um pouco mais sobre esta nova era.

Nessa busca, deparei-me com Henry Jenkins, um dos pesquisadores sobre mídia mais influentes deste século, e sua Cultura da Convergência. Na obra em que expõe suas ideias, publicada em 2006, o professor da Universidade do Sul da Califórnia analisa as mudanças que acompanharam a chegada das novas tecnologias, que impactaram, não necessariamente na mesma ordem, no comportamento mercadológico, cultural e social — apenas para citar alguns.

Os argumentos de Jenkins estão fundamentados, basicamente, em três conceitos que vale a pena conhecer: convergência midiática, inteligência coletiva e cultura participativa. Mas o segredo para entender o que acontece nas mídias atuais parece estar justamente na tal da convergência — tecnológica, cultural ou alternativa. O primeiro caso remete ao poder de acesso que equipamentos cada dia mais completos dão aos usuários. Mais do que isso, enquanto atualiza os aplicativos do celular, essas pessoas podem estar,  também, diante da televisão e comentar nas redes sociais, em tempo real, o que acabou de acompanhar. A convergência cultural refere-se ao fato de que a utilização da tal tecnologia já foi incorporada ao hábitos culturais, tornando-se praticamente indissociável da realidade atual. Por último, a convergência alternativa está relacionada ao fluxo informal de conteúdos: é fácil para os consumidores apropriarem-se do conteúdo acessado e até transformá-lo, adicionando informações e características próprias antes de devolvê-lo para a rede. 

Dá, ou melhor, não dá para imaginar, portanto, a quantidade de possibilidades que isso significa. A colaboração pode acontecer em todos os sentidos: agregando informações mais em tempo real, novos conhecimentos científicos, avaliações positivas ou negativas de um determinado produto ou apenas, com acrescentando uma boa dose de humor a um episódio cotidiano. Quando a notícia contagia a todos, seja pelo humor ou por qualquer outro motivo, diz-se que esta “viralizou” — como um vírus mesmo, e dos mais contagiosos. Isto porque não conhece barreiras, sejam elas de tempo, espaço ou sociais. Navegando neste imenso oceano de baixa profundidade, todos são iguais, não há distinção. 

Se já não é possível manter-se fora dele, o melhor é mergulhar nesse novo universo de vez. Pelo menos é isso que vem acontecendo com as empresas do mundo inteiro. E se a importância de abrir um canal de comunicação na internet, como um site ou um portal, já não é uma novidade, agora é preciso encontrar um caminho para trilhar junto às redes sociais, que é onde o estabelecimento de relações acontece com maior facilidade. No entanto, nem mesmo Jenkins parece acreditar que a importância de tantas transformações foi totalmente compreendida. O que dá para afirmar, certamente, é que quanto antes se despertar para tais mudanças, mais cedo será possível participar desta nova realidade.

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