A vacina do país dividido

A vacina do país dividido

Que o Brasil está dividido, ninguém mais consegue deixar de admitir. O que, afinal, nos separou tanto? Como esse processo foi se acentuando e esgarçando as relações? Acredito que os estudiosos do comportamento social identificam que a política tem uma participação muito forte nessa divisão que se estabeleceu entre pessoas, inclusive, da mesma família. O “nós” e o “eles” ficou escancarado nas conversas.

Quando a pandemia virou uma realidade em nosso país, parecia que ia aflorar o que o nosso povo tem de melhor: a solidariedade, o amor ao próximo, o jeito brasileiro receptivo. Infelizmente, não foi o que vimos com o decorrer dos dias e do agravamento da Covid-19 no país.

Correntes ideológicas que defendem a criação do vírus em laboratório, teorias da conspiração, ou a redução do novo coronavírus a apenas “uma gripezinha” são alguns dos argumentos apontados em discussões calorosas, especialmente nas redes sociais. 

Vivemos enfrentando, ou acompanhando, discussões embates, que se intensificam à medida que a vacina se torna mais próxima de virar realidade.

O movimento anti-vacina, responsável pela redução de índices históricos de imunização no Brasil, se intensifica conforme as notícias sobre a taxa de eficácia são divulgadas, e a última grande polêmica está relacionada à Coronavac.

A taxa de eficácia global de 50,4% da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac levantou polêmica. Há quem diga que índice é baixo, mas, segundo a ciência, ele é o ideal e o possível para nosso país. A própria vacina da gripe varia em eficácia de 40% a 60%.

A vacinação, contudo, só será eficiente para todos nós se entendermos como uma medida coletiva, e não individual. Tomar a vacina dificulta a circulação do vírus e pode nos fazer atingir a imunidade de rebanho, mas é preciso que a população se imunize. Quando eu me protejo, eu protejo o outro.

É difícil ter esperança em uma grande união em prol da imunização, diante de tanta polarização e extremismo que vivemos, mas não é impossível. Ainda acredito que, diante da necessidade, teremos uma alta taxa de vacinação no país, o que é fundamentalmente necessário.

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