Vem de dentro

Vem de dentro

Esses dias, ouvi novamente um podcast do filósofo Clóvis de Barros Filho, chamado Inédita Pamonha. Todas as quintas-feiras, são publicados novos programas e os temas associam a filosofia ao cotidiano, em uma linguagem de fácil compreensão. Desta vez, o que me chamou a atenção foi o conceito de felicidade a partir de Sêneca.

Segundo o filósofo, nascido em 4 a.C, a felicidade é uma questão interna. Dito isso, ela não tem a ver com as conquistas materiais ou aquilo que está ao nosso entorno. Tem a ver com o que sentimos internamente e, especialmente, com a harmonia entre você e seu daimon. Mas o que isso quer dizer?

De acordo com Sêneca, o “você” pode ser definido como sua vida, suas decisões suas escolhas. Todas aquelas situações que você decidiu viver. Em suma, o que está sob seu controle. Já o daimon são os seus maiores recursos e potencialidades naturais. Para o filósofo, cada um de nós tem a possibilidade de alcançar uma vida mais plena se souber harmonizar as deliberações com as potencialidades, proporcionando situações para si em que os próprios recursos possam fazer a diferença e ser determinantes na vida.

Assim, se você souber dar para sua vida situações em que seu daimon (potencialidade) for usado de maneira abundante e recorrente, tem a chance de viver uma vida feliz, com um fluxo ameno.

Isso tudo — as decisões que tomamos internamente e nossas potencialidades — nada tem a ver com o que há fora de nós, com o entorno. É como se nosso daimon fosse uma semente plantada pela vida, como associa Clóvis no podcast. Como se, ao nascer, recebêssemos essa semente e, ao longo da vida, pudéssemos permitir a ela um germinar pleno.

Dessa forma, temos duas possibilidades diante da vida: viver prestando a atenção em nossas potencialidades e fazendo com que fluam, ou não dando atenção a elas. Na primeira opção, podemos ter uma vida mais pujante e intensa. Na segunda, vivemos de qualquer jeito, sem momentos de pura felicidade.

Tudo isso quer dizer, segundo Sêneca, que pouco nos importam os bens materiais para construirmos uma vida plena, ou mesmo outras questões externas, como a opinião alheia. Em tempos de presença intensa nas redes sociais, é natural lastrearmos nossas conquistas a partir do que vemos dos outros. No entanto, precisamos alimentar nosso daimon e fazer essa semente de potencialidades germinar, alimentando nosso eu interior e não nos preocupando com o que foge ao nosso controle, externamente.

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