16 anos sem Tim Maia

16 anos sem Tim Maia


Em 1998, no dia 15 de março - há 16 anos - o Brasil perdia o maior cantor brasileiro de todos os tempos: Sebastião Rodrigues Maia. Ou simplesmente, Tim Maia.

Muito antes disso, no final da década de 1950, mais precisamente em 1957, ao lado de Roberto Carlos, Wellington Oliveira, Edson Trindade e Arlênio Lívio, fundou a banda "The Sputiniks" - em referência ao satélite soviético lançado ao espaço no mesmo ano.

Tim (na época Tião) Maia não gostou da aparição solo de Roberto Carlos no programa Clube do Rock, da Tv Tupi. E, com a dupla em conflito, a banda se desfez. Os remanescentes, com a entrada de Erasmo Carlos, fundaram a banda "The Snakes", que por muito tempo foi banda de apoio tanto do Roberto Carlos como do Tim.

Algum tempo depois, em 1959, partiu para os Estados Unidos e lá foi preso (!) e deportado por porte de armas e drogas ilícitas (!!!). Mas, ao que parece, Tim não retornou para o Brasil apenas com uma ficha criminal manchada. O multi-instrumentista trouxe consigo a influência do Soul - que, nas décadas de 50 e 60 teve início em manifestações da cultura negra.

Com maestria, Tim fundiu o estilo à música brasileira, tornand0-se o "pai da Soul Music Brasileira".

Bruno Barbosa - Foto: Arquivo/FacebookNa opinião do músico Bruno Barbosa, baixista da Pó de Café Quarteto e da Banda Balaco, Tim foi o rei dos grooves do país. "Ele foi um dos pioneiros da união do soul com música brasileira. Seus discos são fundamentais na discografia da história da música pop e negra brasileira", afirma Barbosa.

Ele revela ainda que seu disco favorito do Tim é o de estreia, um dos vários homônimos, de 1970. "Tim Maia" contém clássicos como "Primavera (Vai Chuva)", "Azul da Cor do Mar"  e "Coronel Antônio Bento" (de João do Vale) - minha favorita deste disco!

Como todo grande gênio, Tim teve altos e baixos, mudou de filosofia - de 1974 a 1976, período que esteve em contato com a doutrina "Cultura Racional" e se manteve longe de vícios. Neste período lançou "Tim Maia Racional", volumes 1 e 2 e, futuramente, em 2000, algumas músicas do período "Racional", que haviam sido renegadas pelo "síndico", vazaram na internet e lançadas oficialmente em disco pela editora Abril em 2011 - considerada o Volume 3 de "Tim Maia Racional".

A década de 1980 começou com "Descobridor dos Sete Mares" e "Me dê Motivos" (1983). Em seguida "Do leme ao Pontal", de 1986.

Nos anos de 1988, 1990, 1992, 1993, 1995 e 1997 venceu o Prêmio Sharp de música na categoria de melhor cantor.

Alê Balbo - Foto: Divulgação/FacebookPara o produtor Alê Balbo, da MGB Studio, em 1998 o Brasil e o mundo ganharam uma lacuna gigante no cenário musical.

"Sua forma irreverente, contestadora e sua grande fama de 'dar cano' em vários shows o fizeram como uma pessoa única. As brigas e desentendimentos fazem parte de sua biografia. Sempre contestando, principalmente, as grandes gravadora e editoras, e até mesmo a Rede Globo. Montou a editora Seroma e a Gravadora Vitória Régia para dar suporte à suas obras e também a outros artistas a fim de criar um mercado paralelo e mais justo para todos", conta Alê.

Tim Maia morreu, aos 55 anos, porém, na opinião de Alê Balbo - e aposto que na opinião da maioria dos brasileiros - seu legado permanecerá para sempre na história da música brasileira. "Sua pessoa será lembrada para sempre pelas gerações futuras e suas referências musicais são e serão usadas por muitos músicos e compositores", conclui.

Leia: "Vale Tudo - O som e a fúria de Tim Maia", do jornalista, produtor e amigo íntimo de Tim, Nelson Motta (que não respondeu aos meus e-mails - rs - para comentar neste post).

Foi uma vida cheia de loucuras a que Tim Maia levou. Não caberia, claro, neste espaço. Ausências em shows, apresentações conturbadas (por conta das drogas) e desentendimentos com gravadoras e emissoras, não é nada se compararmos a tudo o que o "síndico" aprontou.

Enfim, "quem não dança, segura a criança"!

Vídeo
Tim em rara apresentação, em 1971, na Tv Tupi (mais ao final do vídeo, com Gerson "King" Combo).

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