Ainda a pandemia e o negacionismo!
Foi no começo do ano de 2020, quando se iniciava o mês de fevereiro, normalmente considerado o mês do carnaval brasileiro, que a pandemia da Covid-19 também ensaiava os seus primeiros passos para invadir as avenidas de nosso país e do mundo inteiro, ao mesmo tempo em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já preconizava os seus nefastos efeitos sobre a população mundial.
Apesar de conhecer apenas de alguns princípios básicos sobre virologia, porém, o suficiente para prever o que viria em seguida, com base em publicações pregressas sobre a pandemia anterior (1918), agravadas pelo conhecido desleixo comportamental de nossa população, e por que não, da nossa ignorância natural reforçada pelas “fake news” protagonizadas por interesses descabidos, por parte de alguns dos nossos gestores, já poderíamos prever uma situação de calamidade e catástrofe se aproximando...
Prosseguindo, na data de 11/03/2020, a Covid-19 foi considerada pela OMS – Organização Mundial da Saúde como uma grave pandemia, estabelecendo-se então, inúmeras diretrizes sanitárias para minimizar seus previsíveis efeitos danosos, uma vez que a ciência dava os seus primeiros passos em busca de uma vacina, como único meio de controlar a pandemia que avançava rapidamente.
Num post datado de 02/05/2020, menos de dois meses após a declaração da pandemia, já com as primeiras mortes oficiais, eu respondia a uma pergunta feita por um cidadão, da seguinte forma: “o coronavírus, assim como seus ‘mutantes’ (variantes) e outros assemelhados sempre estarão em alguma parte do planeta, pronto para contaminar pessoas e/ou outros animais - especialmente mamíferos.
No caso desta pandemia, ocorre que praticamente 100% da população ainda não possuí anticorpos para a ‘covid-19’, o que tem provocado uma mortalidade considerada alarmante, num primeiro momento”, alertando que poderiam surgir pandemias bem piores, além dos problemas que as mutações destes vírus poderiam originar. Explicava ainda, que “após um ápice na curva de crescimento de pessoas positivadas, ocorrerá um declínio natural, significando menor número de pessoas contaminadas, pois grande parte da população já estará imunizada pelo menos temporariamente, pois já tivera contato com o vírus” (ainda sem a vacina).
Inicialmente, em seu processo preventivo contra a covid-19, o principal objetivo do distanciamento social (além de higiene com uso de álcool 70 e sabão) na época, seria fazer com que a possível contaminação ocorresse de forma gradativa (achatamento da curva de eventos), pois se todos se contaminassem num curto espaço de tempo, não haveria infraestrutura hospitalar para atendimento de todos, o que aumentaria em muito o número de óbitos.
Na continuidade eu explicava que, o vírus continuaria infectando em menor escala, mas não deixaria de existir, provocando mortes bem abaixo do patamar no ápice da pandemia, pois a maioria da população estaria imunizada, além do que, uma grande parcela se mostraria assintomática, conforme informações da própria OMS. Contudo, eu alertava que este tipo de pandemia poderia durar anos (conforme a pandemia anterior), e não alguns meses conforme algumas autoridades preconizavam. Poderia advir ainda, uma sequência de pandemias, provocadas por sucessivas mutações (letais ou não) em seu agente causador (Coronavírus), na hipótese do plano de controle sanitário-profilático ser conduzido de forma incompetente como ocorreu (e ocorre), pelo menos em nosso país.
A esperada solução por meio da vacina só chegaria ao Brasil em 17/01/2021, por meio do governo do estado de São Paulo; enquanto no Reino Unido a vacinação começou em 08/12/2020, e nos EUA teve início em 13/12/2020. Além de um significativo atraso com muitas desinformações propositais, o processo vacinal em nosso país, sofreu um forte revés, em função dos desmandos praticados por autoridades, aos quais caberiam a responsabilidade de uma eficaz gestão, o que acarretou milhares de mortes pela covid-19, num efeito em cadeia provocado pelo atraso vacinal.
Passados quase dois anos após o início da pandemia, numa gestão medíocre e assassina, especialmente por parte do governo central, entremeadas por interesses mesquinhos, com milhares de mortes; eis que novamente, estamos frente a uma nova ameaça da quarta onda da pandemia (ômicron), embora aparentemente não tão letal (devido a vacina!), mas com índice de propagação muito rápida, o que enseja o aparecimento de novas mutações, que por sua vez aumenta a possibilidade do surgimento de mutantes letais (aí reside o problema).
Todos nós, somos testemunhas sobreviventes de milhares de mortes prematuras que poderiam ter sido evitadas, caso a vacina tivesse sido providenciada naquela oportunidade (setembro/2020) e na quantidade certa, fato que ocorreu somente mais de três meses depois e, praticamente à revelia dos verdadeiros responsáveis. Quantos sonhos foram abruptamente interrompidos nesta caminhada tresloucada conduzida por mentes doentias, e incrivelmente cooptadas por uma significativa parcela da população brasileira?
Infelizmente, vejo que a novela ainda não acabou! Nesta semana, ainda acompanhamos as polêmicas, recheadas de insanidades sobre a questão do bloqueio sanitário e sobre a questão das vacinas para crianças entre 5 e 11 anos, sobretudo no tocante aos “sábios” pareceres de nossos “dirigentes políticos”, em detrimento das recomendações técnicas oriundas da medicina e com o respaldo do conhecimento científico, porém, relegadas ao último plano.
Assim, caminha a pandemia, assim caminha o negacionismo, assim caminhamos nós...
Imagem: hakan german por Pixabay