ChatGPT: pelos caminhos incertos das tecnologias da inteligência artificial

ChatGPT: pelos caminhos incertos das tecnologias da inteligência artificial

Nos últimos tempos, o meio científico, especialmente o acadêmico têm sido tomado por um grande alvoroço, em função do surgimento de uma nova tecnologia relacionada à internet das coisas, ou mais especificamente, melhor dizendo, à inteligência artificial (IA). Trata-se de uma nova ferramenta conhecida como ChatGPT, cuja capacidade de executar tarefas ditas “intelectuais” estão assustando aos menos informados em relação ao mesmo.

De forma simplificada, o que esta tecnologia está suscitando e levantando dúvidas, relaciona-se a sua enorme capacidade em produzir respostas aos questionamentos, assim como na sua capacidade de redigir textos mediante alocação de algumas palavras-chaves por parte do interessado, o que ensejaria uma “produção intelectual” de textos não autorais, ou seja, a prática de plágio por meio de ferramentas tecnológicas.

Todavia, tenho plena convicção que estas inovações tecnológicas ainda estão longe de significar um problema – talvez represente mais algumas soluções em nossa rotina, pois ainda acredito na capacidade cognitiva da espécie humana em controlar e dominar a “máquina”, uma vez que com certeza caminharemos paralelamente em termos de aquisições e evolução na capacidade intelectual e moral em superá-las.

Voltando ao termo ChatGPT, nada mais representa que o já nosso conhecido Chatbot (logicamente mais aperfeiçoado), que é uma ferramenta de conversação automatizada entre os humanos e computadores (máquinas), tecnologia esta que não representa novidade no ambiente corporativo, uma vez que talvez mesmo sem saber, muitas vezes já tivemos contatos com estas ferramentas, como em alguns atendimentos automatizados por diversos mecanismos, sem a interferência de pessoas, num processo computadorizado com treinamento apto para reagir por meio de “respostas prontas” às perguntas específicas (o que às vezes pode ser bom ou ruim, dependendo do contexto!).

No fundo, o ChatGPT, pode ser entendido como um Chatbot, porém com uma capacidade infinitamente maior, utilizando-se da inteligência artificial (IA), uma vez que o sistema OpenAI utiliza do mesmo mecanismo denominado de transfer learning – transferência de aprendizagem, onde um computador estabelece a solução de um determinado problema, aplicando-a em outro problema subsequente. Isto é feito em função de um “treinamento” no qual este sistema faz a “leitura” de uma enorme base de dados com múltiplos exemplos de linguagem e elabora as respostas mais condizente para as dúvidas aos quais você o interpelou, tudo isso fundamentado na conhecida base GPT-3, que detém um gigantesco volume de exemplos de linguagem e conversação.

Um protótipo do ChatGPT foi lançado em novembro/2022, tendo sido muito elogiado pela sua capacidade de produzir respostas altamente articuladas nas mais diversas temáticas do conhecimento, com base originária numa derivação do conceito de machine learning (comum aos trabalhos que envolvem a inteligência artificial) que por sua vez é oriundo do processo de transfer learning.

Teoricamente, o sistema ChatGPT é previamente “treinado” por meio de modelos de linguagem, de tal forma que possibilite a formação de uma base consistente de conversação, seguido de um processo constituídos por treinamentos interativos com seres humanos em sistemas fechados e controlados, abordando temáticas específicas, culminando com interações públicas (pessoas) que proporcionam maiores interações, e que levam a maiores aprendizados (maior inteligência).

Mas, retornando ao parágrafo inicial, diante da colocação que o ChatGPT tem levantado grandes polêmicas no meio acadêmico científico, podemos dizer que refere-se principalmente à sua capacidade em responder perguntas ou em produzir textos por meio da inteligência artificial, entre outras capacidades de “produção intelectual” produzido pela “máquina”, o que nos deriva para o complexo campo da ética e dos valores nas diversas searas da ciência e do conhecimento, como entendimento de produção imprópria (plágio).

A grande discrepância que enfrentaremos em nosso futuro comum em relação ao avanço tecnológico, reside na nossa incapacidade de conduzirmos de forma igualitária e equilibrada a nossa capacidade sociocultural e socioeconômica em relação aos processos educacionais, que na prática levam aos desnivelamentos e desigualdades entres os nossos componentes sociais (riqueza e pobreza), como matrizes da fome, doenças e do domínio do homem sobre o homem (e outras formas viventes). Reitero efetivamente, o que tenho repetido há várias décadas, que somente por meio da aquisição do conhecimento verdadeiro teremos mudanças comportamentais e sociais que levem o respeito à vida no sentido lato sensu, com a utilização adequada das tecnologias voltadas para as atividades do bem.

Entretanto, tenhamos a certeza que os mesmos processos tecnológicos que envolvem estas ferramentas, seja nominada de inteligência artificial ou de outros codinomes e siglas, também nos permitirão cercear as aplicações voltadas ao lado nocivo destas inovações tecnológicas, pois a mesmas particularidades e características de aprendizados (input) e de produção (output) serão de caráter equivalentes e permitirão a prevalência do espelho que for mais dominante no âmbito da nossa sociedade, ou seja, se formos pior ou melhor a “máquina” também o será em termos de correspondência de resultados. Caberá a nós, esta capacidade de discernimento.

Imagem: Gerd Altmann por Pixabay 

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